
09 de outubro de 2010 | 18h23
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Foi na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que começou o escândalo do mensalão, em 2005 - crise que derrubou o ministro José Dirceu da Casa Civil e até ameaçou o cargo do presidente da República.
Cinco anos depois, a novela se repete, pelo menos na Casa Civil. Lula e a então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, prometeram fazer uma limpeza nos Correios, dominado majoritariamente por grupos do PMDB nos últimos anos. Trocaram o presidente e alguns diretores, mas não mudaram os métodos. Davi de Matos foi nomeado para a presidência. Meses antes, uma filha dele ganhou um emprego de assessora de Erenice - um dos filhos da ministra, Israel Guerra, era funcionário fantasma da Terracap, órgão do governo do Distrito Federal que já teve Davi de Matos como presidente.
Erenice nomeou para a Diretoria de Operações o coronel Artur Rodrigues, testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey na Master Top Linhas Aéreas (MTA). O jovem Israel Guerra, filho de Erenice, é investigado por suspeita de cobrar propina para ajudar a MTA no governo antes da chegada do coronel Artur aos Correios.
Por trás dos acertos estava a ideia de montar e dirigir a empresa de logística (sociedade mista entre governo e capital privado) do governo Lula - uma promessa de Erenice dentro do Planalto.
O argentino Alfonso, que vive em Miami, já havia sido consultado pelo coronel Artur sobre uma possível aliança com a Total Linhas Aéreas. O dono da Total, Alfredo Meister, é amigo pessoal do coronel. Pediu a ajuda dele em dezembro para solucionar um impasse dentro do governo sobre uma inspeção antirruído nos aviões. O coronel caiu no mês de setembro.
Erenice pediu demissão para evitar desgaste político na campanha de Dilma Rousseff e a MTA está à beira da falência. Por enquanto, Total Linhas Aéreas e Davi de Matos estão a salvo.
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