
19 de outubro de 2014 | 03h00
"Vemos hoje que a eleição está entre o medo e a raiva. O medo da volta das políticas neoliberais do PSDB e a raiva da conduta do PT, que reduziu o diálogo com os movimentos sociais e com a sociedade em geral, que protegeu dirigentes envolvidos em corrupção, como no caso do mensalão, e que agora é associado aos escândalos na Petrobrás", afirma o cientista político Antonio Augusto de Queiroz, coordenador do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Para Fábio Wanderley Reis, o antipetismo começou a se mostrar claramente em 2013, durante as manifestações de junho. "A queda na aprovação da presidente Dilma Rousseff, que era de mais de 60%, despencou para cerca de 30% e nunca mais se recuperou. Em seguida, vieram os desgastes pelos 12 anos no poder e os escândalos de corrupção na Petrobrás", afirma.
Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas, afirma que o momento atual lembra a polarização entre lacerdistas e janguistas antes do golpe militar de 1964. Os lacerdistas eram os partidários de Carlos Lacerda, que combatia o governo de João Goulart, o Jango. "É claro que hoje não há a defesa do golpe, mas a forma radicalizada e raivosa com que os dois lados convivem lembra aquele momento."
Maluf. Couto afirma que a corrupção no PT é mais cobrada do que aquela cometida por outros partidos e políticos. "Paulo Maluf não sofria tantas cobranças quanto o PT sofre." Segundo ele, as políticas públicas adotadas pelo partido acabaram por ferir suscetibilidades.
"Pessoas acostumadas com salas vips começaram a ver gente do andar de baixo também entrar ali. E passaram a ouvir também um discurso petista contrário às elites", observa Couto. "Como o PT passou a endeusar dirigentes envolvidos em corrupção - até pela necessidade de defendê-los, do ponto de vista do mito partidário -, tudo isso aumentou a indignação das pessoas e as levou a terem atitudes exageradas, aumentando o sentimento antipetista, que se tornou uma força eleitoral." / J.D.
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