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Escândalos derrubaram três presidentes desde 2001

ACM, Jader Barbalho e Renan Calheiros foram alvo de onda de denúncias

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Por Daniel Bramatti
Atualização:

A eventual renúncia de José Sarney (PMDB-AP) ao comando do Senado será a quarta queda de um presidente da Casa desde 2001. Antônio Carlos Magalhães, Jáder Barbalho e Renan Calheiros já tiveram de abrir mão do cargo por envolvimento em escândalos. Em maio de 2001, o baiano Antônio Carlos Magalhães, um dos principais líderes do PFL (atual DEM) e presidente do Senado, teve de renunciar ao mandato para evitar sua cassação e a perda de direitos políticos por oito anos. Acusado de violar o sigilo dos votos registrados pelo painel eletrônico do Senado, ACM foi alvo de um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. A violação do sigilo, segundo concluiu o Conselho de Ética do Senado, teve ainda a participação do então senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), que também renunciou. Tanto ACM quanto Arruda voltaram ao Congresso na eleição seguinte, em 2002: o primeiro foi novamente eleito senador e o segundo, deputado federal. Em outubro de 2001, foi a vez de o sucessor de ACM no comando do Senado cair em desgraça. O peemedebista Jader Barbalho (PA) não resistiu a uma onda de acusações de corrupção e também renunciou ao mandato, deixando vago o cargo de presidente da Casa. A renúncia foi anunciada depois que o Conselho de Ética aprovou, por 11 votos contra 4, a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. O caso que o comprometeu estava relacionado a supostos desvios de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará). Jader nunca admitiu o envolvimento em irregularidades e, antes de renunciar, chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal para tentar barrar o processo no Conselho de Ética. Chamou de "farsa" as conclusões da comissão que o investigou e atribuiu a tentativa de puni-lo a uma suposta "armação" promovida por ACM, seu desafeto. LOBISTA Eleito presidente do Senado em 2005 e reconduzido ao cargo em 2007, o alagoano Renan Calheiros (PMDB) foi acusado, no início de seu segundo mandato, de receber recursos de um lobista ligado à construtora Mendes Júnior. Segundo reportagem publicada na época pela revista Veja, o lobista Cláudio Gontijo pagava pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan havia tido uma filha em um relacionamento extraconjugal. Gontijo admitiu fazer os pagamentos, mas negou ser dono do dinheiro. O senador peemedebista disse ter usado recursos próprios, fruto de uma suposta operação de venda de gado de suas fazendas. Investigações da Polícia Federal levantaram dúvidas sobre a veracidade das explicações. Outras reportagens publicadas na época apontaram Renan Calheiros como suposto usuário de "laranjas" para controlar empresas de comunicação em seu Estado. A situação política do senador se deteriorou e, em setembro de 2007, seu pedido de cassação foi votado, em sessão secreta, pelo plenário do Senado. Houve 40 votos favoráveis à cassação, um a menos do que o mínimo necessário para promover a punição. Mas as pressões contra o peemedebista, alvo de outros pedidos de cassação, se intensificaram. Ele acabou pedindo licença do cargo de presidente do Senado, em outubro de 2007, e não voltou a assumi-lo. Em dezembro daquele ano, outro processo por quebra de decoro chegou ao plenário, e Renan foi novamente absolvido, com o apoio de 48 dos 81 senadores. Diferentemente de ACM e Jader, o peemedebista conseguiu manter, ao menos, o mandato.

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