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Erundina critica governo e quer "acordar" Lula

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Por Agencia Estado
Atualização:

Luiza Erundina (PSB) quer voltar a ocupar a Prefeitura de São Paulo com o desejo de fazer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "acordar" e ver que sua política econômica não tem futuro."Vou dizer a ele: Lula, o povo espera mudanças, vamos juntos viabilizar isso", afirma. Esta frase dificilmente a ex-companheira do PT dirá ao presidente como prefeita. Com 4% nas pesquisas eleitorais, ela já sofre pressão para se definir entre José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT), que devem se enfrentar no segundo turno. "As propostas dos dois não coincidem com as nossas. Eles são avalistas da política econômica do Fernando Henrique e do Lula", afirma a deputada federal, que nesta quarta-feira participou da segunda entrevista da série Eleições 2004 - Candidatos no Estadão. Embora garanta que chegará ao segundo turno, Erundina deu uma pista sobre como pretende resolver a equação política de ter de escolher entre dois candidatos aos quais não poupa críticas. "Será uma decisão de partido, na qual eu pretendo interferir. Afinal de contas, sou eu que carrego esta campanha", advertiu. A direção do PT já negocia com a direção nacional do PSB o apoio a Marta. Se os bastidores da política não fossem decisivos, Marta estaria fora das possibilidades de Erundina para o segundo turno, tamanha a quantidade de críticas à prefeita. "A Marta nunca militou no PT, nunca foi petista e muito menos socialista", disse, largando a caneta que segurava com as duas mãos para disfarçar a ansiedade do início da entrevista, que teimava em fazer tremer suas mãos. "Ela não representa o PT de origem, ela representa o PT atual". A deputada mostrou à platéia que deixou o PT, mas mantém os compromissos do partido. Erundina confessou sentir saudade das pessoas e também de Lula. Lembrou a frase dita por ele de que se sobrassem duas pessoas no PT seriam Lula e Erundina. O tremor das mãos cessou, os gestos ficaram largos e a crítica à política social do governo Lula foi dura. O Fome Zero é assistencialismo puro", avaliou a candidata, que comparou o programa ao que a Legião da Boa Vontade (LBV) fazia há 40 anos. "Eu esperava que o social fosse melhor contemplado". Para ela, as alianças feitas por Lula dificultam que o presidente cumpra seus compromissos de campanha. E citou a aproximação entre Lula e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Quero ser prefeita para ajudar o Lula a acertar o passo", diz. Quando Marta Suplicy volta a ser o tema das perguntas, a ex-prefeita mantém o tom crítico. Erundina acusou a adversária de não ter cumprido os compromissos firmados quando apoiou a prefeita na eleição de 2000. Segundo ela, Marta deu ao PSB a Secretaria do Desenvolvimento Social e depois a esvaziou."O PT quer aliança no interesse dele, depois usa e descarta". Sobre o governo Marta, Erundina reprovou uma série de ações: a falta de diálogo com a sociedade; a criação de taxas, a licitação "fraudulenta" do lixo, a relação política "promíscua" da prefeita com os vereadores, o número excessivo de subprefeituras e ainda comparou Marta ao candidato do PP, Paulo Maluf, por inaugurar obras inacabadas. A ex-prefeita voltou a falar no governo federal quando perguntada sobre a dívida de R$ 30 bilhões da Prefeitura, que ela, se eleita, pretende renegociar. "O governo federal não pode inviabilizar a cidade de São Paulo", disse. Erundina usa o "equívoco" que cometeu ao governar São Paulo somente com o PT, para justificar a sua união com Orestes Quércia que, para ela, não tem sido o motivo de sua queda nas pesquisas de intenção de voto. Segundo ela, o PSB sozinho não teria condições de se viabilizar dentro do debate eleitoral e interferir no segundo turno. "Não fiz aliança com o Quércia, foi uma aliança contra a política econômica do governo federal", justificou. "Não estou defendendo o Quércia, aliás, não tenho nem procuração para isso". Embora não negue os resultados, ela reclamou das pesquisas de intenção de voto que, segundo ela, estão induzindo os eleitores a escolherem entre dois candidatos. Ela se referiu à polarização entre Serra e Marta.Disse que vai mudar esse quadro e que esta será a última eleição para a qual concorre a um cargo Executivo. Sobre o mandato de deputada, Erundina disse que deve disputar mais uma eleição para a Câmara. Enquanto não chega o segundo turno, ela já escolheu qual será sua próxima bandeira: a reforma política.

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