Eros Grau desiste de processar Lewandowski

Ministro do STF ameaçou processar colega após vazamento de troca de e-mails durante julgamento do mensalão

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Por Felipe Recondo
Atualização:

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau desistiu de processar o colega Ricardo Lewandowski por crime contra a honra. No primeiro dia do julgamento do mensalão, em agosto passado, Lewandowski afirmou, em troca de e-mails com a também ministra Cármen Lúcia, que Eros votaria em favor dos acusados para que o governo indicasse um amigo do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para uma vaga do STF, aberta com a aposentadoria do ministro Sepúlveda Pertence. Eros Grau, então, ameaçou processar Lewandowski. No diálogo, Eros era chamado de "Cupido". Cármen Lúcia escreveu: "Vou repetir: me foi dito pelo Cupido que vai votar pelo não recebimento da den. (denúncia), entendeu?". "Ah. Agora, sim. Isso só corrobora que houve uma troca. Isso quer dizer que o resultado desse julgamento era realmente importante", respondeu Lewandowski. Eros soube dessa conversa porque os diálogos foram fotografados e publicados pela imprensa. Logo em seguida, criticou a postura do colega e afirmou que o processaria. Há duas semanas, Lewandowski enviou uma carta para o ministro Eros Grau, negando que o tenha acusado de combinar voto com o governo. Na correspondência, ele afirmou, conforme relato de Eros Grau, que nunca duvidou da "competência, honorabilidade e idoneidade". Além da retratação, Lewandowski não poderia ser processado com base nas informações publicadas pela imprensa que, de acordo com o próprio Eros Grau, configurariam quebra de sigilo. "A ofensa não pode ser provada por uma prova ilícita, como foi a quebra do sigilo." Eros Grau votou em favor da denúncia contra os mensaleiros.

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