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Erenice admite reunião com empresário que fez denúncia

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra recuou na versão que vinha sustentando há mais de um mês e confirmou à Polícia Federal, em depoimento prestado hoje, que se reuniu com o consultor Rubnei Quícoli, representante da empresa EDRB, que negociava um contrato bilionário com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construção de um projeto de energia solar no Nordeste.O contrato era orçado em R$ 9 bilhões e a EDRB teria de pagar ao lobby comandado por filhos da ministra cinco parcela de R$ 40 mil mensais, mais uma comissão de R$ 5 milhões e uma taxa de sucesso, que poderia chegar a 5% do valor do empreendimento. O empresário denunciou que os filhos e assessores da ministra, com o conhecimento dela, o pressionaram a pagar comissão para intermediar o negócio, que acabou não se concretizando.Ela disse à polícia que participou apenas da primeira parte da reunião com os representantes da EDRB, retirando-se em seguida. Disse também que o encontro foi para tratar de "assuntos técnicos do projeto", que lhe pareceu muito importante para o País. Mas alegou desconhecer qualquer negociação com o BNDES intermediada por sua pasta. A informação da ex-ministra contradiz nota oficial emitida pela Casa Civil há um mês, segundo a qual a reunião a que Quícoli se referiu foi feita pelo assessor Vinícius Castro e que a ministra não participara dela.Acusada de favorecer negócios de familiares com o governo, Erenice depôs por cerca de quatro horas perante o delegado Roberval Vicalvi, encarregado do inquérito que apura denúncias de tráfico de influência na sua gestão na Casa Civil. Ela respondeu a 100 perguntas e, segundo a PF, negou todas as acusações e colocou todos os seus sigilos - bancário, fiscal e telemático - à disposição da polícia e da Justiça.Erenice saiu da PF sem ser indiciada. Segundo seus advogados, ela também confirmou que se encontrou duas vezes com o empresário Fábio Baracat, representante da empresa de transportes aéreos MTA, que usou os serviços da empresa de consultoria Capital, comandada pelos filhos da ex-ministra, para ampliar seus negócios nos Correios.Erenice, segundo os advogados que acompanharam no depoimento, negou que tivesse conhecimento das intermediações de contratos da empresa de consultoria Capital, comandada pelos filhos Israel e Saulo Guerra, com empresas estatais. Num desses contratos, denunciado pelo empresário Fábio Baracat, já ouvido pela PF, Israel negociou pagamentos mensais de R$ 25 mil e uma taxa de sucesso de R$ 5 milhões, para ajudar a empresa de transportes aéreos MTA a ampliar seus negócios com os Correios.Segundo o advogado Sebastião Tojal, "foi uma defesa serena e fácil porque as acusações eram inconsistentes". Isso porque, segundo ele, nenhum dos denunciantes a acusa diretamente de envolvimento com o tráfico de influência. "O Quícoli, por exemplo, diz que acredita, mas não afirma, que ela soubesse do lobby dos filhos", explicou.Mas, conforme os advogados, ela evitou colocar a mão no fogo pelos filhos, assessores e outros familiares envolvidos nas acusações. "Ela respondeu tudo que lhe diz respeito, mas não falou sobre pontos que desconhece", afirmou. "O que ela garante, categoricamente, é que jamais autorizou que usassem o nome dela".

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