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ENTREVISTA-Sarney:Chávez precisa garantir democracia ao Mercosul

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Por GUIDO NEJAMKIS
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, precisa dar "garantias evidentes" de que não levará seu país rumo ao autoritarismo para que o Congresso brasileiro aprove a pendente adesão venezuelana ao Mercosul, disse na quinta-feira o senador José Sarney (PMDB-AP). O ex-presidente (1985-90), membro da base aliada do governo, disse à Reuters que as garantias democráticas serão "fundamentais" para que o Congresso autorize a adesão de Caracas ao bloco já formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O processo está parado desde que Chávez acusou os senadores brasileiros de agirem como fantoches dos Estados Unidos, por aprovarem uma moção condenando a não-renovação da concessão da rede RCTV, que fazia duras críticas ao governo Chávez. Sarney citou também como "problema" a proposta de Chávez de reformar a Constituição do país, que inclui a reeleição ilimitada para presidente. "Ocorreu o problema da reforma da Constituição, de modo que está em risco que não haja alternância de poder, depois do problema da intervenção no canal de televisão", disse o senador. "Se não ficar evidente que os fundamentos da democracia existem, nós evidentemente teremos grandes problemas dentro do Congresso Nacional para a inclusão da Venezuela no Mercosul. É preciso que isso fique bem claro, que a Venezuela deseja ser um país democrático", acrescentou. Em reunião ocorrida em setembro em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu a Chávez um forte empenho do seu governo para que o Congresso aprove a adesão venezuelana ao Mercosul, algo essencial para ampliar as já crescentes exportações do bloco para o país petrolífero. Mas Sarney afirmou que "o presidente Chávez tem de dar garantias muito evidentes aos países que compõem o Mercosul" de que não conduzirá a Venezuela ao autoritarismo. "Se não ficar bem claro e bem evidente o desejo da Venezuela de não se tornar um país sem os instrumentos democráticos, sem as bases democráticas, e que não está caminhando para um processo autoritário, o Congresso dirá que terá dificuldades em participar do Mercosul", acrescentou. Nesse sentido, Sarney, cujo governo promoveu os tratados que deram origem ao Mercosul, disse que o bloco tem uma cláusula democrática "pétrea" para seus membros. "No momento em que vemos que essa cláusula democrática se torna de certo modo não tão evidente, começamos a ter um certo temor e esperamos que essa situação possa ser revertida." REUTERS MPN

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