ENTREVISTA-Alckmin compara rixa interna ao PT e espera vitória

Por CARMEN MUNARI
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Na véspera da convenção que vai definir o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) está confiante na vitória. Tarimbado pela disputa interna para presidente da República há dois anos, ele disse à Reuters que a confiança vem das ruas e de sua noção do "sentimento" tucano. Para Alckmin, rixa partidária interna é comum e chega a comparar o atual momento do PSDB com as disputas das correntes do PT. "A disputa interna é normal e o PT tem tradição nisso", disse, citando o exemplo de Fortaleza, em 2004, onde o PT se debateu entre uma candidatura própria e a adesão a outro partido e acabou elegendo uma petista (Luizianne Lins). Com a afirmação de que disputar o governo do Estado não lhe interessa neste momento --já foi governador por duas vezes--, promete ficar à frente da prefeitura os quatro anos do mandato de prefeito. Seus planos para a capital paulista incluem a redução de impostos, a exemplo da promessa feita pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT), também pré-candidata em São Paulo. "Eu fundei o PSDB --fui a sétima assinatura na fundação em 1988--, eu conheço o partido e o sentimento do partido é pela candidatura própria. Não tenho a menor dúvida", disse em entrevista em seu escritório na zona sul de São Paulo, onde tomou apenas um cafezinho, com muito açúcar. Se for o escolhido, conta que terá o apoio de toda a legenda. "E domingo mudou a agenda, (passa-se a) discutir as questões da cidade, a falar com o eleitor." O ex-governador de 55 anos enfrentará no domingo chapa concorrente que prevê, ao invés de uma candidatura própria, o apoio a um novo mandato para o prefeito Gilberto Kassab (DEM), eleito como vice do atual governador José Serra (PSDB) em 2004. Serra é tido como articulador da chapa de Kassab e seu discurso é aguardado na convenção. Alckmin espera o apoio de Serra e negou que a disputa com um até agora aliado possa causar constrangimentos na campanha. "Não vejo como saia justa, porque o que está em discussão são os próximos quatro anos. Vamos discutir qual é o projeto, as propostas, é uma corrida de revezamento em que cada um cumpre uma etapa", declarou. Mesmo com as denúncias de pressões que teriam sido exercidas por parte de integrantes da prefeitura sobre os delegados que votarão na convenção, que incluem até compra de votos, Alckmin quer Kassab a seu lado em um eventual segundo turno. "São dois partidos distintos, o PSDB e o DEM. Há momentos que tem um candidato só e há momentos que no primeiro turno há dois candidatos. Eu nem vejo o Kassab como adversário. Essa é a lógica do segundo turno. Quem ganha é a população, com mais debate", prevê. Alckmin, que assumiu o posto de governador com a morte de Mário Covas em 2001 e governou até 2006, quando foi derrotado na tentativa de conquistar a Presidência da República, acredita no alheamento dos paulistanos sobre temas partidários. "A população não dá muita bola para essas questões políticas, está mais preocupada com as questões práticas." Questionado se tem identidade com a gestão de Kassab, que tem algo como 80 por cento de tucanos, alguns ligados seus, procurou despistar. "Tem coisa boas, que vou ampliar, e outras vou corrigir." Conhecedor das finanças da cidade, que está com o caixa cheio, Alckmin disse que "é obvio" que vai baixar impostos. "É meu compromisso", disse, sem indicar onde será feito o corte. O tucano está tecnicamente empatado com Marta na liderança das intenções de voto, segundo recente pesquisa Ibope. A petista tem 30 por cento das intenções de voto e ele, 28 por cento. Kassab está em terceiro com 13 por cento.

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