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Entenda o que levou a 'balbúrdia' às ruas de todo o País

Ministro Abraham Weintraub havia dito, em entrevista ao ‘Estado’, que cortaria verbas de universidades federais que promovessem ‘bagunça’ ou ‘evento ridículo’

Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini
Atualização:

BRASÍLIA – As ruas do País foram tomadas nesta quarta-feira, 15, por estudantes e manifestantes contrários ao bloqueio de recursos no orçamento da educação (acompanhe os protestos pelo Brasil aqui). Diversas faixas usavam a palavra “balbúrdia” para protestar contra o governo. “Balbúrdia é cortar o dinheiro da educação”, dizia faixa em São Paulo. “Balbúrdia é teu governo”, dizia cartaz no protesto em Salvador. Em Vitória, estudantes promoveram a “Mostra Balbúrdia Universitária”.

Manifestantes protestam contra cortes de verbas na Educação na Avenida Paulista,em São Paulo Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Os manifestantes faziam referência à entrevista dada pelo ministro Abraham Weintraub ao Estado, no qual ele anunciou que universidades federais que promovessem “bagunça” ou “evento ridículo” teriam até 30% de seus recursos bloqueados. “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”, disse Weintraub em entrevista exclusiva publicada na edição do Estado do dia 30 de abril.

De acordo com Weintraub, a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) já haviam sido alvo de cortes e outras poderiam sofrer com o bloqueio se adotassem o mesmo comportamento. Na ocasião, ele deu exemplos do que considerava “bagunça”: “Sem-terra dentro do câmpus, gente pelada dentro do câmpus”.

Manifestantes protestam contra cortes na Educação no centro do Rio Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

No dia seguinte à publicação da entrevista, diante da repercussão negativa das declarações do ministro, o MEC recuou da decisão de penalizar somente algumas universidades que promovessem “bagunça” e afirmou que o mesmo contingenciamento planejado seria estendido a todas as universidades federais do País. O bloqueio, de acordo com o ministério, seria preventivo e necessário diante do contingenciamento de recursos estabelecido pelo governo e que atingiu toda a Esplanada.

A decisão de bloquear 30% das verbas discricionárias de todas as universidades aumentou a contrariedade de reitores e estudantes, insatisfeitos com a postura do governo. O presidente Jair Bolsonaro havia dito pelo Twitter dias antes do anúncio de corte de verbas “por balbúrdia” que o governo iria “descentralizar” recursos para áreas de humanas, como filosofia e sociologia, em universidades. Segundo ele, a ideia partira de Weintraub e o objetivo era “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”, como Veterinária, Engenharia e Medicina.

“Idiotas úteis”

Enquanto a mobilização dos estudantes tomava as ruas do Brasil, com passeatas em diversas capitais, o presidente Bolsonaro comentava o dia de manifestações de Dallas, no Texas, onde desembarcou para receber uma homenagem de empresários e promover encontros. Ele chamou os manifestantes de “idiotas úteis” e “massa de manobra” e afirmou que a maioria dos que saíram às ruas é “militante”.

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“Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”, afirmou Bolsonaro.

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