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Entenda o envolvimento de Nestor Cerveró no caso Petrobrás

Ex-diretor da área Internacional da estatal, citado na Operação Lava Jato, foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira

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Por Redação
Atualização:

1.

Preso desde 14 de janeiro de 2015, o ex-diretor da Petrobrás foi condenado a 23 anos, 11 meses e 10 diasporcorrupção passiva e lavagem de dinheiro.A Procuradoria diz que, em conluio com o lobista Fernando Baiano (apontado como operador do PMDB), articulou o recebimento de US$ 30 milhões em propinas relativos à contratação de navios-sonda. Ex-diretor da área Internacional da Petrobrás entre 2003 e 2008, ele foi indicado pelo PMDB. Entre 2008 e março de 2014, Cerveró comandou a BR Distribuidora, subsidiária da estatal e participou do processo de compra da refinaria de Pasadena (EUA).Cerveró nega acusações e afirma desconhecer qualquer tipo de irregularidade na Petrobrás. Foto: André Dusek/Estadão

Quem é - Funcionário de carreira da Petrobrás desde 1975, assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

2.

Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) Foto: Divulgação

Caso Pasadena -

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Nestor Cerveró foi levado ao centro do debate da Petrobrás quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao

Estado

, em março de 2014, que só aprovou a primeira metade da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Em 2006, época da aquisição da refinaria, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. Esse parecer sobre Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria Internacional, comandada por Cerveró. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de US$ 792,3 milhões para a Petrobrás. Há suspeitas de desvios para pagamento de propina no negócio.

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3. Citado na Lava Jato - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Aberto Youssef afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobrás para desvio de recursos, a diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró - indicado pelo PMDB para o cargo - recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a "comissões".

4.

Apontado como operador de propinas do PMDB no esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014, o operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, fez delação premiada, homologada pelo STF em outubro de 2015. Desde então, olobista cumpreprisão domiciliar, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.Em seu depoimento, ele relatou encontros com o deputado federal cassado, Eduardo Cunha (PMDB), que lhe estaria cobrando proprina atrasada. O lobista foi condenado a 22 anos, um mês e 20 dias, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro,mas irá cumprir quatro anos de prisão. Foto: GERALDO BUBNIAK/AGB

Papel no esquema - Cerveró e outros ex-diretores da Petrobrás são suspeitos de facilitar a atuação de operadores em contratos da estatal, em troca de comissões. Essas comissões eram divididas conforme a diretoria a que pertencia o contrato superfaturado. Operadores intermediavam a relação entre empreiteiras e diretores da Petrobrás em troca de comissões - recebidas via empresas de fachada - que depois eram distribuídas para os executivos da estatal e partidos políticos. Segundo investigações, o PMDB, que detinha o controle da área de Internacional, tinha uma rede de operadores na Petrobrás. Um deles, o empresário Fernando Baiano, está preso.

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5. Réu - Cerveró já é alvo de uma ação criminal no âmbito da Lava Jato. Em dezembro no ano passado a Justiça Federal aceitou denúncia contra o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás e mais três pessoas - entre elas Alberto Youssef e Fernando Baiano - por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás. Cerveró responderá por dois atos de corrupção passiva e 64 de lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia da Procuradoria, Cerveró e o empresário Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do PMDB no esquema de desvios na Petrobrás, agiram em conluio para receber US$ 30 milhões em propina para facilitar a contratação de dois navios-sonda em 2006 e 2007.

6.

A Justiça Federal condenou o ex-diretor de Serviços da Petrobrás a 50 anos,11 meses e dez diasde prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele chegou a ser preso na 7ª fase da Lava Jato, em novembro de 2014, mas foi solto no mês seguinte, por liminar do STF. Foi preso novamente em março de 2015, porque, segundo a PF, tentou ocultar patrimônio não declarado mantido na Suíça, e denunciado criminalmente. Foto: Marcos de Paula/Estadão

Ex-diretoria - Dos ex-diretores da Petrobrás sob suspeita de envolvimento no esquema de corrupção e desvios na Petrobrás investigado pela Lava Jato, Nestor Cerveró é o único que está na cadeia. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que também é réu da Lava Jato, foi preso, fez acordo de delação premiada e atualmente cumpre pena em prisão domiciliar. O ex-diretor de Serviços Renato Duque, preso em novembro do ano passado, foi solto em dezembro por decisão do Supremo Tribunal Federal.

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Ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró durante acareaçãona CPI mista Foto: Dida Sampaio/Estadão - 02.12.2014

O que ele diz - Em sessão da CPI da Petrobrás que teve a presença do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que delatou esquema de corrupção na estatal, Nestor Cerveró afirmou desconhecer qualquer tipo de irregularidade na companhia. Sobre Pasadena, o ex-diretor de Internacional disse que o Conselho de Administração da Petrobrás que aprovou a compra da refinaria deve ser responsabilizado pelo mau negócio.

 

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