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Empresas fazem pente-fino antifraude

Advogados oferecem consultoria para revisar procedimentos e evitar risco de crimes e envolvimento em escândalos

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Por Guilherme Scarance
Atualização:

Ter a tranquilidade do escritório interrompida por uma invasão de agentes federais, com prisões e apreensão de papéis e computadores, virou o pesadelo dos empresários nos últimos anos. Em tempos de grampos e operações ruidosas, eles procuram cada vez mais as "análises preventivas penais". Ou seja: equipes jurídicas que analisam todos os processos da empresa, à procura de brechas para crimes, e sugerem mudanças para evitar casos como o da Camargo Corrêa. "De uns tempos para cá, com esse aumento desenfreado de operações da Polícia Federal, e investigações isoladas mesmo, nós sentimos uma preocupação cada vez maior por parte das empresas e dos empresários em tentar evitar que esse tipo de prática criminosa possa afetar a imagem e até o valor das empresas", diz o advogado Leonardo Alonso. Em 2007, diz ele, teve um cliente desse setor. Em 2008, saltou para quatro e, neste ano, são pelo menos seis, fora as consultas. Os especialistas têm três funções fundamentais: entender a atividade da empresa, diagnosticar os procedimentos permeáveis a crimes e apresentar soluções, como implementar código de ética, promover cursos sobre crimes na área empresarial e no direito econômico, como cartel. São práticas, segundo Alonso, que muitas vezes ocorrem em instâncias abaixo da direção. "Isso funciona como uma prevenção para os próprios diretores", diz. O perfil da clientela é similar: a maioria trabalha com licitações no setor público. Nesse contexto, um dos crimes, por exemplo, é a combinação de preços com concorrentes. Outra prática comum e perigosa é a troca de e-mails com órgãos do governo, que podem gerar complicações. Boom de IPOs - a abertura do capital de uma empresa no mercado acionário -, fusões e aquisições, além do conceito de governança corporativa, também aumentam a procura pelo serviço. Autor do livro Manual das Fraudes e criador do site Monitor das Fraudes, Lorenzo Parodi também notou aumento na procura de empresas por consultoria especializada contra fraudes. Mais do que as operações da PF, segundo ele, o motivo principal é a crise econômica, afetando o balanço das companhias. "Está crescendo de forma bem sensível o número de empresas que resolvem contratar consultorias para detectar e prevenir fraudes internas", explica. Tanto Parodi quanto Alonso apontam as mesma vantagem: evitar falhas agora para evitar problemas no futuro. "O combate às fraudes traz inúmeras vantagens, tanto imediatas quanto sistêmicas e estratégicas", afirma Parodi. Para Alonso, melhorar as práticas internas é bem mais barato que o custo com advocacia criminal para soltar diretores, enfrentar processo, entre outras complicações. Afinal, a única maneira de evitar uma investigação da PF é "andar na linha", advertiu o próprio presidente Lula, em julho de 2008.

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