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Empresários são enterrados em Portugal

Por Agencia Estado
Atualização:

Foram enterrados hoje em Portugal os seis empresários portugueses assassinados em Fortaleza. Os caixões selados com os corpos chegaram hoje, perto do meio dia, e os enterros ocorreram até às 17 horas; dois em Pombal, um em Ourém e três na área metropolitana de Lisboa, na margem sul do rio Tejo. Mais de 1.500 pessoas acompanharam o enterro de Antônio Correia Rodrigues, no cemitério de Vila Chã, no Barreiro, na área metropolitana de Lisboa. Antônio - conhecido como Toni - tinha sido o único convidado por Luís Miguel a ir para o Brasil, segundo o amigo e vizinho Antônio Carvalho Dias. Foi Antônio Rodrigues que motivou os outros cinco empresários a irem para Fortaleza: "O Toni disse que ia para o Brasil por uma semana para tirar férias e o Vítor resolveu que ia também. Com os outros quatro foi a mesma coisa. Se ele tivesse me dito, talvez eu tivesse ido também. Agora nunca mais vou ao Brasil", conta o metalúrgico Dias. Procurando explicar as mortes, o cunhado de Antônio Rodrigues, José Matela, apontou apenas Luís Miguel Militão Guerreiro como culpado. "Quanto a mim, nem a família do Luís Miguel, nem o Brasil tem nada a ver com o que se passou lá. Nem o povo nem o país podem ser culpados pelo que fez uma cabeça". Luís Miguel chegou a morar três meses na casa de Matela, auxiliar de enfermagem num hospital de Lisboa. "Nunca achei que ele seria capaz de uma coisa dessas. Quando ele esteve na minha casa, não posso acusar Luís Miguel de nada. Ele era espetacular na cozinha, colocava a roupa na máquina, a única coisa que vi desarrumada foi às vezes quando colocava o casaco em cima da cadeira". Matela estanhou a forma quase insensível como Luís Miguel na televisão admitia as mortes: "Nunca conheci esse perfil dele. Às vezes achava-o triste e tinha uma lágrima no canto do olho. Perguntava se ele estava pensando na ex-mulher e ele entrava no seu quarto e fechava a porta". Uma das questões que Dias tinha a respeito de Luís Miguel foi porque ele se alojou na casa de Matela. "Perguntei ao Toni porque ele não voltou para a casa dos pais depois do final do casamento, mas ele respondeu que ele não se dava muito bem com o pai". Depois do final do casamento, Luís Miguel chegou a ter problemas financeiros. "O Toni emprestou 2.500 dólares ao Luís Miguel há pouco tempo. Esse foi o pagamento que ele deu", diz Dias. Apesar de solteiro, Antônio Rodrigues, de 42 anos, deixou dois filhos e uma filha: Edgar, de 20 anos, Jorge, de 18, de um primeiro relacionamento, e Sandra, de 15. "O Edgar era o braço direito do Toni. Estamos todos incentivando para ele seguir os passos do pai", conta Matela. No cemitério, Alice Marques, que com o marido possui uma empresa que fazia serviços nas construções de Antônio Rodrigues há mais de 20 anos, estava chocada com a forma como os empresários foram mortos. "Isso nem com um animal se faz, quanto mais com uma pessoa. Nunca pensamos que um português que também conhecesse o Toni fizesse uma coisa dessas". Além dos familiares e amigos, o enterro atraiu centenas de curiosos e de pessoas que ficaram incomodadas com o crime. "Desde que vi as imagens na televisão não tenho conseguido comer e dormir. Tenho tomado comprimidos para adormecer e quando acordo estou vendo a imagem", contou na porta do cemitério a funcionária hospitalar aposentada Maria Estela Lopes.

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