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Emprego e violência preocupam jovem latino-americano

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Por Agencia Estado
Atualização:

A falta de emprego, a violência nas grandes cidades e a descrença com as instituições políticas não afligem apenas os jovens brasileiros. Pesquisa inédita do Convênio Andres Bello - organismo internacional de estudos sobre a juventude, com sede em Bogotá, na Colômbia - mostra que jovens argentinos, peruanos, chilenos, colombianos e venezuelanos compartilham dos mesmos problemas com maior ou menor grau, dependendo da situação econômica de seus países. "O que mais nos chamou a atenção é o perfil sócio-econômico desses jovens, muito comum ao que observamos no Brasil. Há uma insatisfação com a realidade em que vivem, uma insegurança com o futuro profissional e uma ojeriza à política e aos políticos, que de modo geral encaram como corruptos", disse Marta Porto, coordenadora geral do escritório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Rio, onde foram divulgados ontem os resultados da pesquisa "Somos Jovens", do Convênio Andres Bello. Para realizar o estudo, a entidade entrevistou no ano passado 450 pessoas, entre 14 e 29 anos, na Argentina, Peru, Colômbia, Chile e Venezuela. Para 63% dos argentinos pesquisados o Estado desconhece ou não compreende as necessidades básicas dos jovens e que, por isso, tem muito pouca capacidade para executar programas sociais voltados para juventude. No Chile, 55% dos jovens não acreditam na vontade das instituições políticas do País, como a Igreja e as Forças Armadas, para minimizar os seus problemas. No Peru e na Venezuela, 58% das pessoas consultadas disseram que os programas para a juventude desenvolvidos pelo Estado deixam a desejar. Corrupção - A corrupção na política é outro fator que incomoda os jovens dos cinco países que serviram de base à pesquisa. Na Argentina, 61% responderam que a corrupção é o maior entrave do País para o desenvolvimento econômico. O mesmo item foi apontado por 59% dos entrevistados na Colômbia, que vive uma profunda crise sócio-econômica provocada pela guerrilha travada entre as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) e o governo. "Os jovens colombianos estão cansados dessa disputa ideológica e já desgastada entre esquerda e direita. Eles estão mais preocupados, neste momento, com questões que envolvem a preservação do meio ambiente", explica o colombiano Angel Eduardo Moreno, de 25 anos, um dos coordenadores da pesquisa. Embora as preocupações sejam as mesmas, a visão de mundo entre os jovens da chamada região Andina da América Latina, que inclui Venezuela, Peru, Equador e Colômbia, difere radicalmente dos que vivem em países do Cone Sul, como Argentina e Brasil. Enquanto os primeiros mostram-se mais preocupados com uma maior integração da nações latino-americanos, não só econômica, mas também cultural e social, argentinos, assim como os brasileiros, não escondem a preferência por uma visão mais individualista e consumista. "Podemos perceber o ressurgimento de movimentos sociais como o bolivarismo", explica Moreno, referindo-se a Símon Bolívar, um dos principais líderes da independência da América hispânica e que tinha como ideal a luta pela unidade do continente. Segundo ele, o bolivarismo é mais forte na Venezuela onde é estimulado pelo presidente Hugo Chávez. "No Brasil, há uma ruptura entre a cultura e a educação. Nossos jovens não têm heróis, modelos que podem servir de inspiração para que possam lutar por um mundo melhor, mais unido", acredita Marta Porto, da Unesco, que já vem mantendo acordos informais com a Convênio Andres Bello para realizar uma pesquisa parecida no Brasil.

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