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Em Santos, desequilíbrio já incomoda mulheres

Por Agencia Estado
Atualização:

De acordo com os números do Censo 2000, para cada grupo de 100 mulheres existentes em Santos, no litoral paulista, existem apenas 83,5 homens. Embora só agora confirmado pelas estatísticas, esse desequílíbrio já é bem conhecido pela população feminina da cidade. Nos bares da moda, nas casas de shows, nas faculdades e nas ruas, é fácil perceber a diferenças. Vânia Figueiredo Silva Gomes, 25 anos, estudante de Direito, na Unisantos, diz que já aprendeu a conviver com essa realidade. Quando chega à sua classe na escola, ela nem precisa fazer contas para saber que ali há mais mulheres do que homens. Mas, por curiosidade, conferiu: deu 56 mulheres para 31 homens. Com pequenas variações, essa é a realidade que ela encontra aonde vai. "É muita mulher em todo o lugar e todas minhas amigas reclamam". Como encontrar o equilíbrio? Vânia observa que as pessoas estão mudando o comportamento. "Ninguém pensa em namorar, numa coisa mais séria; está todo mundo ficando". Nesse ficar, constata ela, "o giro é muito grande, pois as pessoas estão preocupadas em viver o momento, em apenas se divertir". Ela diz que ouve constantes queixas das amigas, quando chove aos sábados. "Aí todo mundo quer ter seu namorado fixo e reclama; quando o sábado é ensolarado, ninguém quer nada fixo". Vânia às vezes fica chocada com o que vê, especialmente com amigas mais jovens. "Não há estabilidade de sentimentos, as pessoas vão ficando e a vida vai passando". Sem noivo - Esse não é seu projeto de vida, diz. Estudante de Direito, faz estágio no escritório de advocacia do pai e rompeu recentemente um noivado que durava cinco anos. "As pessoas de minha idade estão mais ligadas à família, mesmo porque para sair de casa é preciso ter uma boa estrutura financeira, e isso poucas têm". O primeiro objetivo é conquistar a independência financeira para, com segurança e estabilidade, buscar novos caminhos. "Talvez por isso há mais mulheres do que homens em Santos", diz. Ela acredita que "para os rapazes é mais fácil, eles são independentes e vão embora, pois não sentem tanto o peso familiar". Avessa a aventuras que não as encontradas no mar, quando pratica surfe, Vânia Figueiredo olha com espanto a realidade: "Essa ânsia de viver o momento faz com que as relações sejam instantâneas e, quando as pessoas acordarem, vão perceber que é a vida que vai ficando" Mas admite que a predominância feminina pode estar contribuindo para isso: não há homens para tantas mulheres e então a vida fica parecida com um baile, em que um rapaz pode dançar com várias moças.

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