PUBLICIDADE

Em Salvador, disputa pelo apoio de Lula pode parar na Justiça

Por JOSÉ DE JESUS BARRETO
Atualização:

Encerradas as convenções e definidas as candidaturas, uma tendência na disputa pela prefeitura da capital baiana ficou bem clara: a campanha será federalizada como nunca e a disputa pelo apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como o uso de sua imagem, já conflagra os principais concorrentes. Mal oficializou seu nome ao lado da vice Lídice da Mata (PSB) para encabeçar a chapa da aliança de esquerda "Salvador, Bahia, Brasil", o deputado Walter Pinheiro (PT) ameaçou entrar na Justiça contra o PMDB para garantir a exclusividade no direito de usar as imagens do presidente Lula e do governador Jaques Wagner (PT) na campanha. "Vamos, se necessário, adotar medidas judiciais para preservar aquilo que é a lógica da política", argumentou o candidato petista. Na convenção e até na propaganda televisiva de obras realizadas na cidade pelo município, o PMDB do atual prefeito João Henrique Carneiro, que busca a reeleição com o aval explícito do ministro Geddel Vieira Lima, tem usado fotos e imagens de Lula ao lado do prefeito, sem cerimônias. "Isso parece propaganda de bacalhau", atacou Pinheiro, "mas o povo não é bobo". As peças de campanha apresentadas na convenção peemedebista têm letras e cores que lembram a logomarca do governo federal e o slogan da chapa é bem sugestivo "Força do Brasil em Salvador". O ministro Geddel ironiza as ameaças do PT: "Eles não podem querer que o presidente fique contra um partido da base e contra mim, que sou seu ministro". PSDB e DEM Ao PSDB, adversário no âmbito nacional do governo Lula, a federalização da campanha não interessa. O partido não possui ministros em Brasília, mas o candidato, o ex-prefeito Antonio Imbassahy, ganhou o declarado apoio do governador Jaques Wagner, que foi à convenção tucana agradecer os votos recebidos em 2006 e disse que ficaria feliz com a vitória de Imbassahy. Certamente para agradá-lo, nenhuma crítica foi ouvida no palanque às administrações federal ou estadual. O teor dos discursos girou em torno dos problemas da cidade. Mas a decoração do ambiente abusou do vermelho, azul e branco, cores da bandeira da Bahia e, obviamente, das marcas e propagandas do governo Wagner. Os petistas torceram o nariz para o que aconteceu na convenção do PSDB e Wagner, duas horas depois, lembrou os tempos de sindicalista num discurso para aquietar ânimos e estabelecer suas preferências. O candidato Pinheiro cobrou, diante dos militantes: "O governador tem lado, o partido do presidente Lula e do governador Wagner é o PT". O jingle de campanha frisa a filiação: "Lula é nosso presidente, Wagner é o governador; Pinheiro é nosso companheiro, prefeito de Salvador". O deputado ACM Neto, candidato do DEM (ex-PFL), primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, é o único que não disputa o apoio de Lula, mas prefere evitar o confronto. Até encontrou abrigo e apoio bem próximo do presidente. Escolheu como candidato a vice de sua chapa o deputado e bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Márcio Marinho, do PR, com o aval do vice-presidente da república José Alencar. "Nos interessa discutir os graves problemas de Salvador e propor soluções novas. Eleitos, vamos buscar o diálogo com o presidente e com o governador, com civilidade e responsabilidade", prega ACM Neto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.