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Em RR, índios bloqueiam estrada por três horas

Protesto, que também teve participação de sem-terra e sem-teto, [br]foi contra revisão da demarcação contínua da reserva indígena

Por Loide Gomes e BOA VISTA
Atualização:

A véspera do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol registrou sinais de tensão em Boa Vista. Cerca de 500 índios, sem-terra e sem-teto bloquearam por quase três horas a BR-174, no sentido norte, impedindo o tráfego de veículos para a Venezuela e a Vila Surumu, principal acesso para a Raposa Serra do Sol. O protesto foi contra a revisão da demarcação contínua da terra indígena e pela desapropriação de uma fazenda às margens da BR-174. A Polícia Rodoviária Federal considerou a manifestação pacífica, mas uma pessoa foi detida após furar o bloqueio e invadir a pista onde estavam os manifestantes. O organizador do protesto, Frei Messias, disse que o grupo fará nova manifestação hoje, durante o julgamento, na Praça do Centro Cívico, onde ficam as sedes dos três Poderes do Estado. Já no Surumu, principal foco dos conflitos, não houve incidentes, embora 500 índios tenham chegado de outras comunidades para acompanhar o julgamento. Eles também se aproximam das fazendas de arroz. As ameaças de invasão levaram os arrozeiros a protocolar documento na Polícia Federal pedindo o cumprimento de liminar dada pelo STF em abril, que determina a preservação dos imóveis, até decisão posterior. Na segunda-feira, a Polícia Federal instalou um gabinete de gerenciamento de crise e mantém cerca de 300 homens no local. O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), e o líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, prefeito de Pacaraima (DEM), viajaram ontem para Brasília, onde assistem hoje ao julgamento. O governador defendeu a revisão da área demarcada, pedindo que passe a ser feita em ilhas. Afirmou que "46,25% da terra é destinado a reservas indígenas". Na opinião dele, "isso compromete economicamente o Estado, compromete a soberania do Estado porque são áreas que fazem fronteiras com outros países e inviabiliza até a subsistência dos próprios índios". COLABOROU TÂNIA MONTEIRO

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