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Em repouso, Bolsonaro recebe ministros, mas não Onyx

Chefe da Casa Civil vê sua pasta ser esvaziada e ainda não foi recebido pelo presidente desde que antecipou o retorno das férias

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Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner e Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA - Em repouso após passar por procedimento de vasectomia na noite desta quinta, 30, o presidente Jair Bolsonaro mantém reuniões com aliados no Palácio da Alvorada ao longo desta sexta-feira, 31, para definir o futuro do ministro da Casa Civil,Onyx Lorenzoni (DEM), no governo.

Pela manhã, ele recebeu os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), mas não Onyx, que vê sua pasta ser esvaziada pelo governo. O titular da Casa Civil antecipou o retorno das férias nos Estados Unidos justamente para tentar conversar com o presidente o mais rápido possível. Oficialmente, ele só retornaria no próximo domingo, 2.

Ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni Foto: Dida Sampaio/ Estadão

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Embora já esteja em Brasília, depois de antecipar retorno de férias nos Estados Unidos, Onyx ainda não havia sido recebido pelo presidente até o meio da tarde desta sexta-feira. Apesar do "gelo", auxiliares de Bolsonaro afirmam que o presidente busca ao menos uma "saída honrosa" para Onyx, tido como aliado fiel desde a pré-candidatura a presidente. Uma opção seria nomeá-lo ministro da Educação ou outra pasta ligada à área social. Ainda é avaliado deixar que Onyx retorne ao cargo de deputado federal, mas como líder do governo na Câmara. 

Ao chegar, pela manhã, o ministro disse ao G1 que o encontro com o presidente poderia ocorrer entre hoje e amanhã e que não considera deixar o governo Bolsonaro. "Vou ver se ele me recebe hoje ou amanhã e com tranquilidade a gente vai conversar e resolver todas essas questões", disse. 

Onyx voltou ao Brasil em função da crise que levou à demissão de Vicente Santini, ex-secretário-executivo de Onyx, e ao esvaziamento da Casa Civil. Santini  foi exonerado duas vezes nesta semana. A primeira foi oficializada na quarta, 29, depois de Bolsonaro considerar "imoral" o uso de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para o assessor viajar a Suíça e Índia. O custo estimado do voo é de pelo menos R$ 740 mil. 

No mesmo dia, porém, Santini foi nomeado para outro cargo na Casa Civil, desta vez como assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. A repercussão fez Bolsonaro recuar novamente e tornar sem efeito o ato que devolveu a ele um emprego na pasta.

Bolsonaro ficou irritado e argumentou que Santini poderia ter viajado em voo comercial, como outros ministros fizeram. "O que ele (Santini) fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de avião comercial, classe econômica", afirmou o presidente. A FAB e a Casa Civil afirmaram que o voo cumpriu as disposições legais.

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A crise também levou à saída do chefe da comunicação da Casa Civil. O ministério de Onyx ainda perdeu o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), transferido para a Economia. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que a pasta se tornou "obsoleta" após sucessivas mudanças que esvaziaram a sua estrutura.

O Estado apurou que o presidente não pretende receber o ministro hoje para uma conversa sobre o caso. A justificativa seria que ele precisa manter o repouso, embora mantenha reuniões com outros ministros. Após deixar o Palácio da Alvorada, Augusto Heleno deixou claro que a saúde de Bolsonaro "está ótima".

Auxiliares de Bolsonaro lembram que o "gelo" dado em Onyx é uma estratégia que costuma ser usada por Bolsonaro quando está irritado. Outros subordinados já sofreram com este tipo de "fritura". Um exemplo é o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebbiano, demitido em fevereiro, que teria tentado em vão conversar com Bolsonaro em seus últimos dias no governo.

O general Maiynard Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos, também deixou o governo reclamando que não era recebido pelo presidente.

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'Sequência'. Ao desembarcar no Brasil, Onyx afirmou que sua intenção é continuar no governo. "Nós tivemos um episódio bem localizado, que já está resolvido. Agora é sentar, ouvir do presidente o que ele deseja da gente e dar sequência", disse o ministro da Casa Civil. Ele seguiu do aeroporto de Brasília para a sua casa, na região central de Brasília. Depois, foi ao Palácio do Planalto, onde já teve conversa com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Eles devem voltar a se reunir à tarde.

Heleno não detalhou a conversa que teve com Onyx. Segundo o ministro do GSI, Bolsonaro está com a saúde "ótima", mas não deve ir hoje ao Palácio do Planalto. "Daqui para frente vida normal", afirmou.

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