NOVA YORK- O jornal 'The New York Times' traz a segunda reportagem seguida na qual retrata a crise política no País, com destaque na primeira página, cujo título é "Escândalo no Brasil eleva temores de retorno de turbulência."
Segundo a reportagem, apenas alguns dias atrás o Brasil parecia estar num processo de retomada da atividade. As ações de empresas subiam bem, havia celebração no mercado financeiro, parlamentares estavam trabalhando para aprovar reformas para cortar despesas e a inflação estava sob controle.
"O Brasil, aparentemente, estava finalmente em recuperação", apontou o correspondente Simon Romero. "Mas em questão de horas, tudo começou a desmoronar." De acordo com o jornal, o presidente Michel Temer, que já esteve envolvido em escândalos, subitamente foi "emaranhado por um novo, acusado de receber milhões de dólares em pagamentos ilícitos e pego numa gravação discutindo como obstruir" investigações contra corrupção.
As alegações incluem o testemunho do empresário Joesley Batista, sócio da J&F, holding que controla a JBS, que gravou um diálogo com Temer em março na qual o presidente teria sugerido que era necessário manter um esquema de suborno para comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha.
Tais fatos deflagraram pedidos de renuncia do presidente Temer, o que provocou impactos históricos nos mercados de dólar, ações e de juros futuros na quinta-feira. Para o 'New York Times', tal movimento provocou temores de agentes econômicos de que o Brasil poderia mergulhar numa nova crise política e financeira de imensas proporções.
Segundo o 'New York Times', o testemunho de Joesley Batista, "liberado pelo Supremo Tribunal Federal, também descreveu dezenas de milhões de dólares em pagamentos ilícitos em contas no exterior com intenções de beneficiar" a ex-presidente Dilma Rousseff, e seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ambos negaram qualquer malfeito"
A reportagem aponta que outros políticos importantes do País, como os presidentes da Câmara e do Senado, também estão sendo investigados por suspeitas de terem participado de casos de corrupção, o que gera grande preocupação sobre "a liderança e o futuro da nação."
O 'The New York Times' também relatou editorial do jornal O Globo no qual defende a renúncia de Temer, pois, do contrário, o Brasil poderia ingressar numa crise política ainda pior que atual.
Para o jornal americano, contudo, se Temer decidir deixar o cargo, poderá "ir a julgamento e condenado", como apontou o professor Daniel Vargas, professor de direito da Fundação Getulio Vargas.