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Em protesto contra Temer, países da América Latina abandonam plenário da ONU

Chefes de Estado da Costa Rica, Venezuela, Equador e Nicarágua saem do recinto onde presidente brasileiro começava seu discurso, em Nova York; representantes de Cuba e Bolívia não chegaram nem a entrar no local

Por Cláudia Trevisan , e Altamiro Silva Junior e correspondente
Atualização:

NOVA YORK - Líderes de seis países latino-americanos protestaram contra o presidente Michel Temer durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, 20. O presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, da Venezuela, Nicolás Maduro, do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega abandonaram o plenário no momento em que Temer entrou para realizar seu primeiro discurso perante a instituição, em Nova York. Raúl Castro, de Cuba, e Evo Morales, da Bolívia, nem chegaram a entrar no local.

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“Nossa decisão, soberana e individual, de não escutar a mensagem do senhor Michel Temer na Assembleia-Geral, obedece à nossa dúvida de que ante certas atitudes e atuações, se pretende ensinar sobre práticas democráticas”, afirma a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica. “Por meio de nossa embaixada nesse país demos seguimento aos acontecimentos, especialmente a certos atos de violência ocorridos posteriormente à conclusão do processo de ‘impeachment’”.

A última vez em que o presidente da Costa Rica deixou o plenário da Assembleia-Geral como gesto de protesto foi durante discurso do ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, pelo fato de que ele negava a existência do Holocausto.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse não ter visto a saída dos presidentes do plenário. “Estava na primeira fila, mas não me dei conta”, afirmou. O chanceler minimizou o gesto e disse que seu impacto internacional é “próximo de zero”. Serra ressaltou que a ONU tem quase 200 países membros e que os que protestaram ontem não representam um número significativo.

A reação dos bolivarianos era previsível, disse o ministro, que manifestou surpresa em relação à posição da Costa Rica. “Não sabia que a Costa Rica tinha essa posição. Vou olhar a nota e depois posso até comentar”, afirmou em entrevista coletiva.