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Em pronunciamento, Lula só vê vitórias do governo

Presidente se dirigiu à nação para comemorar o 1º de maio e aproveitou para elogiar ações de sua administração

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em pronunciamento à nação na noite deste domingo, véspera do dia do trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a conquista brasileira da auto-suficiência em petróleo como uma vitória do trabalhador. "Ninguém é mais responsável por ela (a auto-suficiência) do que o trabalhador brasileiro, que a construiu de forma heróica, em mais de meio século", disse o presidente. Antecipando parte dos temas que estarão na pauta da campanha eleitoral, o presidente disse que a conquista da auto-suficiência deve servir de exemplo para que outras "batalhas" sejam vencidas. "Se o Brasil venceu uma luta tão difícil, tem todas as condições de vencer muitas outras batalhas", previu. Dentre as que ainda não foram conquistadas, Lula prometeu melhorias na educação e saúde, pontos que, segundo ele, foram impossíveis de resolver em "um prazo muito curto". O governo, destacou Lula, entra em seu 39º mês. Usando frases como "minhas amigas e meus amigos", o presidente dirigiu-se diretamente à população para comemorar o aumento do salário mínimo e a diminuição da miséria. Ele admitiu, no entanto, que o novo mínimo ainda está abaixo do "ideal". Ainda na área econômica, o presidente garantiu que a taxa Selic continuará baixando. Sem citar o escândalo do mensalão e as denúncias de corrupção que minaram a credibilidade de algumas das figuras de sua maior confiança - caso dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci -, Lula fez promessas ainda difíceis de serem avaliadas como possíveis de serem cumpridas. No setor energético, além dos benefícios da auto-suficiência petroleira (imunidade às crises de abastecimento e à grandes oscilações no preço dos combustíveis), o presidente garantiu que através do desenvolvimento da bioenergia (álcool e biodiesel), o Brasil se transformará na maior matriz energética do mundo. Leia íntegra do discurso do presidente: Minhas amigas e meus amigos, Amanhã é primeiro de maio. É o dia daquele que constrói o mundo: o trabalhador. E da atividade humana mais nobre: o trabalho. Este primeiro de maio tem para mim um significado especial, porque coincide com o momento em que o Brasil celebra uma vitória histórica do trabalhador brasileiro: a conquista da auto-suficiência em petróleo. E coincide, também, com uma série de outras vitórias que o trabalhador tem conseguido, com muito esforço, no nosso país. A auto-suficiência em petróleo é resultado do trabalho de várias gerações. O meu governo teve a felicidade de contribuir para esta vitória, porém ninguém é mais responsável por ela do que o trabalhador brasileiro, que a construiu de forma heróica, em mais de meio século. Como tudo que é feito de forma coletiva e solidária, a auto-suficiência trará benefícios para todos. A partir de agora, estamos livres tanto de crises de abastecimento como de oscilações agudas no preço do petróleo. A auto-suficiência vai nos ajudar, também, a aumentar nossas reservas e a economizar recursos para melhorar a vida do nosso povo. Com ela, o Brasil amplia sua inserção soberana no mundo. É mais um marco de independência, como foi, igualmente, a nossa decisão de zerar a dívida com o FMI. Com estas conquistas, estamos reduzindo a nossa vulnerabilidade externa e nos tornando mais fortes e mais livres. Meus amigos e minhas amigas, temos que ver a auto-suficiência em petróleo como um símbolo que aponta para o futuro e nos cobra outras conquistas. Um símbolo de otimismo e de vitória sobre o discurso derrotista que domina certos setores da vida nacional. Se o Brasil venceu uma luta tão difícil, tem todas as condições de vencer muitas outras batalhas. Com esforço e determinação, poderemos, sem dúvida, conseguir melhorar ainda mais a qualidade da educação, da saúde, e de várias outras áreas, transformando por completo a vida das famílias brasileiras. É impossível fazer tudo isso em um prazo muito curto, mas em 39 meses de governo temos avançado bastante nesta direção. No nosso país, o social agora é tratado efetivamente como eixo do desenvolvimento. Seja através de modernos programas de transferência de renda, seja através do apoio ao pequeno e médio empreendedor. Para ficar em poucos exemplos, basta lembrar que nos últimos três anos, tiramos mais de 3 milhões de pessoas da miséria. Só no setor privado, geramos quase quatro milhões de empregos com carteira assinada. O bolsa família está acabando com a fome e a desnutrição de 36 milhões de pessoas. E o crédito é uma realidade cada vez mais acessível ao povo brasileiro. Minhas amigas e meus amigos, estamos acostumados a medir os resultados da vida com números e tabelas. Elas indicam os ganhos e as perdas; e o que aumenta e o que diminui. Muita coisa ainda precisa melhorar no Brasil, mas nos últimos três anos a balança se inverteu em favor do brasileiro comum, em especial do trabalhador. Vejamos: aumentou o emprego, a massa salarial, o salário mínimo, o micro-crédito e a poupança interna. Diminuiu a inflação, a dívida externa e os juros para trabalhadores e aposentados. Tem aumentado a produção industrial, as exportações e a balança comercial. Tem diminuído o risco-brasil, a taxa de juros e a inadimplência. Aumentou a produção de petróleo, a geração e a transmissão de energia e o movimento do comércio. Diminuiu o fechamento de fábricas, a destruição das florestas e os problemas de abastecimento. Aumentaram os programas sociais, o investimento no ensino básico, as escolas técnicas e as universidades federais. Diminuiu o analfabetismo, a evasão escolar e a mortalidade infantil. Tudo isso não acontece por acaso. Mas sim porque temos um projeto de nação e um plano de governo. Isso acontece porque sabemos o que queremos e para aonde estamos caminhando. Meu amigo trabalhador e minha amiga trabalhadora, como ex-líder sindical, tenho a felicidade de poder dizer a vocês que depois de décadas de perdas constantes, vivemos, hoje, num país onde a massa salarial voltou a crescer e 90% dos acordos salariais estão sendo feitos acima da inflação. Está tudo uma maravilha? Não. Muita coisa ainda precisa ser feita. Mas as pessoas sentem sua vida melhorando e mais perspectiva de futuro. Sei que o valor do mínimo ainda está longe do ideal, mas este ano já foi possível dar um aumento bem melhor e antecipar o pagamento para o mês de abril. Depois de garantirmos a estabilidade, e conseguirmos o mais baixo índice de inflação dos últimos tempos, estamos agora reduzindo os juros em ritmo constante e sem sobressaltos. Este mês, por exemplo, o banco central aplicou a sétima baixa consecutiva na taxa Selic. E esta tendência vai continuar estimulando a produção e melhorando o nosso índice de crescimento. Meus amigos e minhas amigas, cada vez mais me convenço que a nossa principal riqueza é o trabalhador. E quando falo trabalhador, falo de todos os brasileiros e brasileiras que nas mais diferentes profissões constroem a riqueza desta nação. Quero garantir a todos, e em especial à nossa juventude, que vamos continuar investindo fortemente no setor produtivo e no setor social. Vamos dar ainda mais ênfase à educação e ao desenvolvimento tecnológico. Vamos continuar agindo com responsabilidade, porém com muita sensibilidade. Hoje podemos investir mais porque criamos as condições para isso. Porém sem comprometer o equilíbrio fiscal e o controle da inflação. O Brasil é um país vitorioso. A auto-suficiência em petróleo é um exemplo disso. Poucos países, no mundo, conseguiram este feito. E na hora que atingimos este marco já temos uma meta mais ambiciosa pela frente: a de sermos o país que vai revolucionar o uso da bioenergia. Pois com a utilização do biodiesel, do álcool, e de outras fontes alternativas, vamos nos transformar na maior matriz energética do mundo. O Brasil será ainda mais vitorioso no dia em que estas conquistas beneficiarem a todos os brasileiros. Estamos lutando fortemente para isso. E graças a deus e a muito trabalho temos conseguido bons resultados. Ao contrário do que se dizia, estamos provando que distribuição de renda faz o país crescer. A você, companheira e companheiro trabalhador, deixo o meu mais carinhoso abraço. Sei que temos ainda muito o que fazer, mas não posso deixar de confessar a minha alegria porque, entre outras coisas, sei que, hoje, o trabalhador brasileiro está comendo melhor; que o preço dos alimentos está mais baixo; e que ele pode comprar o material de construção para melhorar sua casa. O trabalhador que constrói esta nação, está começando a construir sua independência com as próprias mãos. Boa noite, muito obrigado e um feliz primeiro de maio.

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