Em PE, cinco assentados do MST são mortos

Um sexto militante, ferido com bala perdida, tem nome mantido em sigilo enquanto polícia faz buscas

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Por Angela Lacerda e RECIFE
Atualização:

Cinco assentados ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST) foram assassinados, no final da tarde de segunda-feira, quando trabalhavam na construção de uma casa no assentamento Chico Mendes, no município de Brejo da Madre de Deus, no agreste, a 164 quilômetros do Recife. Dois homens em uma moto chegaram ao local e, de acordo com o delegado que investiga o caso, Sérgio Moura, "executaram" os sem-terra. "Foram tiros letais, na cabeça", disse. Os corpos serão enterrados hoje, mesmo dia em que o ouvidor agrário nacional adjunto, João Pinheiro de Souza, visita o assentamento Chico Mendes, acompanhado do procurador agrário estadual, Édson Guerra, e do delegado Sérgio Moura. As vítimas integravam os assentamentos Chico Mendes, Macambira e Lago Azul, localizados nos municípios de Brejo da Madre de Deus, Toritama e Caruaru, todos na região agreste. João Pereira da Silva, 39 anos, era presidente da Associação de Moradores do Chico Mendes. Os outros quatro haviam sido contratados como pedreiros na obra que integra um projeto habitacional da Caixa Econômica Federal, com recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que prevê, inicialmente, a construção de dez casas. Eram eles: José Juarez Cesário da Silva, de 21 anos, Natalício Gomes da Silva, de 36 anos, José Angelino Morais da Silva, de 43 anos, e Olímpio Cosmo Gonçalves, de 65 anos. Um sexto assentado - do Chico Mendes - foi atingido por uma bala perdida. Atendido no Hospital Regional de Caruaru, ele recebeu alta ontem e prestou depoimento à polícia. Seu nome está sendo mantido em sigilo, para sua segurança. Até o final da tarde, os dois assassinos eram procurados pela polícia, com o apoio de um helicóptero da Polícia Militar. Embora reconheça que o assentamento Chico Mendes "está consolidado e não apresentou conflito nos últimos três anos", o MST considerou, em nota, que a chacina pode ter sido motivada por uma eventual vinculação com a questão agrária. O movimento lembra que o assentamento está localizado em uma área de muitos conflitos agrários e também não descarta a possibilidade de represália pelo assassinato de quatro seguranças da Fazenda Jabuticaba, em São Joaquim do Monte, também no agreste, por trabalhadores sem-terra em fevereiro deste ano. Seis sem-terra foram indiciados e três deles estão presos. As outras hipóteses levantadas pelo Movimento dos Sem-Terra seriam assalto e vingança pessoal. O delegado, no entanto, preferiu não fazer conjecturas. "Estamos começando os trabalhos", disse ele.

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