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Em manobra, processos contra Renan devem ficar para 2008

Conselho de Ética protela votações de relatórios; aliados cedem e processos não serão mais unificados

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Por Redação
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Após quatro horas de muita discussão, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), voltou atrás e rejeitou a unificação dos últimos dois processos contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta terça-feira, 2. O gesto atendeu a oposição, que se posiciona contra a relatoria de dois casos na mão do senador Almeida Lima (PMDB-SE), integrante da tropa de choque de Renan. Quintanilha, por outro lado, sinalizou que os relatórios não devem ser votados este ano. O presidente do conselho deu prazo preliminar de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, para que os dois relatores façam pareceres sobre os respectivos processos. E não deu nenhuma garantia de que as duas representações venham a ser julgadas ainda este ano. "Eu não dou garantia nenhuma. Tudo vai depender dos relatores", afirmou. Ele ressaltou que só resolveu desmembrar as duas representações diante do apelo da maioria dos senadores. Veja também: Renan nega ter batalhado para ter aliado como relator Relator Almeida Lima diz que não é advogado de Renan  Especial: veja como foi a sessão que livrou Renan da cassação Cronologia do caso  Entenda os processos contra Renan  Fórum: dê a sua opinião sobre a decisão do Senado Lima ficou com um dos casos e Quintanilha anunciará nesta quarta-feira a escolha do outro relator. A terceira representação trata da denúncia de que Renan usou "laranjas" para compra de emissoras em Alagoas e a quarta se o senador peemedebistas participou de um esquema de pagamento de propina envolvendo ministérios do PMDB. Também nesta terça-feira, o relator do segundo processo, senador João Pedro (PT-AM), afirmou haver a necessidade de que sejam feitas diligências para aprofundar a investigação das denúncias que apontam suposto favorecimento da cervejaria Schincariol por intermédio de Renan e adiou a votação de seu parecer.  A polêmica que tomou conta da reunião também impediu a votação do relatório de João Pedro (PT), sobre o caso Schincariol, que já havia adiantado que pediria o sobrestamento (paralisação) do processo no Senado até o fim da investigação na Câmara por conta do envolvimento do deputado e irmão de Renan Olavo Calheiros. A reunião foi marcada por um clima tenso e troca de acusações. Lima estava muito exaltado e chegou a dizer em resposta ao senador José Agripino (DEM), quase aos berros: "Aqueles que não me respeitaram serão desrespeitados, na mesma medida." Agripino questionava a nomeação de Lima, assim como Arthur Virgílio (PSDB), que chegou a se oferecer a assumir a relatoria no lugar do peemedebista. Lima faz parte da tropa de choque de Renan e como relator do primeiro processo recomendou o arquivamento do caso. O senador era acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista, mas foi absolvido em votação no Senado em setembro. Ainda nesta terça-feira, Renan negou ter batalhado para que Quintanilha escolhesse seu aliado como relator. Reações  Os oposicionistas elogiaram a decisão. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que as coisas foram "recolocadas no lugar". "Pelo menos parte das nossas preocupações foram atendidas com debate que fizemos aqui no Conselho de Ética. Naturalmente, a manutenção da tramitação das representações em separado é uma garantia legal que temos a partir de agora", afirmou. O líder do DEM, senador José Agripino (RN), disse que a decisão de Quintanilha "cede ao bom senso". Já os senadores que defendem Renan criticaram a decisão. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o recuo de Quintanilha abriu precedente para questionamentos semelhantes de presidentes de outras comissões, como o senador Marco Maciel (DEM-PE), que na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) escolheu a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) como relatora do projeto que prorroga CPMF. "Está se criando uma jurisprudência terrível nesta Casa, e se criar essa jurisprudência vou entrar com requerimento pedindo na CCJ a mudança do relator da CPMF, que é a senadora Kátia Abreu", disse. O senador Almeida Lima se defendeu afirmando que não foi derrotado. Para ele, essa é uma questão que cabe somente ao presidente do conselho. "Fui designado para ser relator e aceitei. E se o presidente voltou atrás de uma decisão que ele deu, isso é problema dele e não meu", comentou.   (Com Ana Paula Scinocca, do Estadão) (Com Agência Brasil)

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