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Em Londres, Lula critica os Estados Unidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Durante uma reunião da conferência da Governança Progressista, neste domingo em Londres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desferiu críticas e ironias aos Estados Unidos causando polêmica e mal-estar entre os particpantes. Compunham a mesa o primeiro-ministro inglês Tony Blair e os chefes de estado da Polônia, Suécia, África do Sul, Nova Zelândia, República Checa, Hungria e Romênia. "Se tem uma coisa que admiro nos Estados Unidos é que primeiro eles pensam neles, em segundo neles e em terceiro neles também. Se sobrar tempo, pensam um pouco neles outra vez", disse Lula. Com esta ironia, arrancou risos da platéia e até alguns aplausos. "Como têm hegemonia militar, tecnológica e econômica, se afastam mesmo, com medo de que todo mundo que se aproximar vá pedir dinheiro." Dirigindo-se ao primeiro-ministro da Inglaterra, foi taxativo: "Era preciso que o Tony Blair tivesse convidado Bush para ele falar." Blair deu um sorriso amarelo, mas a platéia achou graça. A graça acabou quando Lula trouxe à mesa o tema da guerra no Iraque. "O Bush não tinha como voltar atrás por si só. Eu achava que alguém devia chegar no Bush e falar: ?Companheiro, vamos fazer um apelo público?. Fiquei convencido de que, naquele instante, um grupo de países devia ter procurado o presidente Bush para tentar convencê-lo a voltar atrás, porque ele já havia convencido o povo americano de que era preciso ir à guerra". O presidente também disse em Londres que faltaram gestos políticos favoráveis dos EUA em relação ao Brasil nos últimos anos. "Fernando Henrique Cardoso era muito amigo do Clinton: dormia em Camp David, todo dia telefonava para ele, mas, nesses oito anos, não houve um único gesto político ou econômico que ajudasse o Brasil. Nenhum dólar foi para ajudar o Brasil." Falando descontraidamente, ao responder a perguntas da platéia, Lula sustentou que era preciso ?exigir? que os EUA cumprissem um papel importante na democratização do mundo. Na outra ponta da mesa, o presidente da Polônia, Aleksander Kwasnurwski, discordou, e pediu respeito aos Estados Unidos. "É muito fácil fazer piadas sobre americanos, mas isso é uma política errada", disse o polonês. "Não é verdade que os Estados Unidos nunca pensaram nos outros países. O caminho para a democracia foi trilhado porque os Estados Unidos ajudaram na luta contra os comunistas. Respeitar os EUA é bom conselho para todos nós." Lula respondeu ao colega polonês dizendo que foi mal interpretado. "O que eu falei claramente é que os EUA pensam como Estado e têm projeto de Estado. Por isso, ajudaram na divisão do mundo entre comunistas e não comunistas, a derrubar o regime comunista, ajudaram a que houvesse golpe na América do Sul. Tudo isso porque pensam estrategicamente, enquanto Nação". E concluiu afirmando que "enquanto os gigantes estão brigando, os pequenos estão embaixo, assistindo a essa briga. A história vai mostrar se estávamos certos."

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