PUBLICIDADE

Em live com Guedes, Moro diz que presidente não contribui com tolerância

Ex-ministro da Justiça fez questionamentos sobre críticas internacionais ao Brasil e o ambiente de negócios no País

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Aline Bronzati
Por Célia Froufe (Broadcast) e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA e SÃO PAULO – O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro disse, durante uma transmissão ao vivo com o ministro Paulo Guedes, que o presidente Jair Bolsonaro não colabora com os pedidos de “tolerância” feitos pelo próprio ministro da Economia. Moro também disse durante a live que não poderia ficar no governo pois havia um “desmonte” da agenda anticorrupção. 

PUBLICIDADE

“Estive no governo e fui testemunha de seu trabalho, mas não contribui muito com esse espelho de tolerância, o presidente da República”, disse Moro a Guedes.

O ex-juiz da Lava Jato fez o comentário durante sua introdução no painel, antes de fazer perguntas a Guedes. Um dos questionamentos foi sobre o processo de entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para Moro, levar o Brasil a fazer parte da entidade é uma pauta importante para depois da pandemia de coronavírus. Na semana passada, se soube que pela primeira vez a Organização criou um subgrupo para monitorar as ações do governo no campo de combate à corrupção. 

O ex-ministro Sérgio Moro, em audiência na Câmara Foto: Gabriela Biló/Estadão

O ex-ministro, que agora trabalha no setor privado, também questionou o ministro sobre críticas internacionais que o Brasil vem sofrendo, especialmente na agenda ambiental. 

Guedes baixou o tom da discussão e disse que os dois, no governo, experimentaram um pouco juntos a complexidade do ambiente de Brasília. “Chegamos com ideia de mudanças importantes. Vimos que há um Congresso reformista, mas também existem as criaturas do pântano”, disse.

O ministro aproveitou o momento para defender que as eleições no País ocorram apenas a cada cinco anos por causa da complexidade da disputa eleitoral. “Eleições deveriam ser a cada cinco anos, de forma sincronizada, e não a cada dois anos. Fomos companheiros durante bom tempo, e vimos a explosão de interesses de todos os lados”, afirmou.

Guedes disse que, quando chegou ao governo, não tinha ideia de qual área de sua agenda andaria de forma mais célere. “Meu primeiro foco foi a reforma da Previdência. Em algumas áreas fomos atrasando e, como autocrítica, ponho as privatizações”, disse. 

Publicidade

Sobre a área ambiental, Guedes disse que a ideia do atual governo era encerrar o que ocorria em anos anteriores, como invasões de terra e queima de tratores, por exemplo. “A mensagem foi acabar com esse negócio e o agricultor passou a poder tudo”, citou. 

Mais uma vez, ele contou que teve de explicar para estrangeiros o papel central do governo. “Tive de explicar isso para os americanos em várias reuniões porque eram muito agressivos conosco. Diziam que desmatávamos demais, que matávamos os índios. Eu muitas vezes subi o tom e disse: ‘entendo vocês porque exterminaram seus índios’”, respondeu. 

Lava Jato

PUBLICIDADE

Em resposta a Moro, Paulo Guedes também fez algumas críticas a Operação Lava Jato. O ministro da Economia disse que os escândalos de corrupção instigados no caso não foram “invenção”, mas salientou que houve excessos que devem ser corrigidos. Guedes lamentou ainda o fim do relacionamento entre Moro e o presidente Jair Bolsonaro mas disse, porém, entender as razões de cada um. 

O ministro participa hoje de live do Parlatório, organização sem fins lucrativos. Participam do encontro virtual o ex-Secretário Nacional de Segurança Pública e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, General Santos Cruz, o médico Raul Cutait, a jurista Ellen Gracie, os empresários Abilio Diniz, Luiza Trajano, Jorge Gerdau, Flavio Rocha, o ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, Joaquim Levy, além do também ex-ministro Luiz Furlan.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.