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Em greve há 3 meses, servidor recebe salário

São quase 75 mil funcionários que, ao contrário de outras áreas, não estão ameaçados de corte no ponto

Por Roldão Arruda
Atualização:

A greve dos funcionários técnicos e administrativos das universidades federais já entrou no seu terceiro mês. São aproximadamente 75 mil servidores públicos, distribuídos por todo o País, que estão com os braços cruzados há 94 dias. Diferentemente do que ocorreu com outros servidores que iniciaram paralisações quase na mesma época e já retornaram ao trabalho, os funcionários das universidades federais não receberam nenhuma ameaça de corte no ponto. Eles continuam recebendo normalmente os seus salários. A greve afeta desde a pesquisa até o atendimento à população em hospitais universitários. Sua longa duração deve-se em parte ao apoio que os grevistas recebem dos reitores, que, solidários com as reivindicações, mantêm o ponto. Representantes da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras e do Ministério do Planejamento já realizaram reuniões para discutir a pauta de reivindicações. A última delas ocorreu ontem pela manhã - e mais uma vez terminou sem um acordo definitivo entre as partes. Uma das partes mais difíceis da negociação refere-se ao pessoal técnico que, embora com baixa escolaridade,dispõe de experiência. Segundo a federação, eles devem ter um salário diferenciado, acima da média do setor. "Mesmo sem ter o segundo grau, eles têm um papel importante no assessoramento de pesquisas, no atendimento hospitalar e em outros setores", afirma Léia de Oliveira, da coordenação geral da federação. Procurado, o Ministério do Planejamento informou por meio de sua Assessoria de Imprensa que não dá declarações enquanto prosseguir a negociação. Sabe-se, no entanto, que o governo federal evita atender a essa reivindicação por temer um desequilíbrio com funcionários nas mesmas condições em outras áreas. Na opinião de Léia trata-se de má vontade: "O governo recusa-se a observar as características especiais do nosso trabalho." PISO SALARIAL A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) promete para hoje uma paralisação geral de professores em todo o País. Em Brasília, a partir das 9 horas haverá uma aula pública em frente à Esplanada dos Ministérios. O objetivo da confederação é pressionar o Congresso a votar o projeto de lei que cria o piso nacional para o professor, previsto no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) lançado pelo governo. A proposta enviada pelo Ministério da Educação (MEC) prevê um piso de R$ 850 para uma jornada de 40 horas semanais. A confederação defende um substitutivo com salário de R$ 900 para professores de nível médio e R$ 1.100 para os que têm nível superior - para uma carga horária de 25 horas semanais. Em São Paulo, o sindicato dos professores anunciou adesão ao movimento.

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