Em evento ao lado de Bolsonaro, Pujol cita ‘imparcialidade’ do Exército

Demitido pelo presidente mês passado, general participou de último evento antes de deixar o posto de comandante

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Por Camila Turtelli e Matheus de Souza
Atualização:

BRASÍLIA – No seu último evento público antes de deixar o cargo, o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, defendeu nesta segunda-feira, 19, a “imparcialidade” e a “transparência” da Força. O general participou de cerimônia alusiva ao Dia do Exército ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que o demitiu no mês passado após atritos sobre uma maior politização da tropa. Dos atuais ministros, seis têm origem militar.

Ao discursar no evento, Pujol fez uma longa descrição sobre o papel do Exército e citou o que chamou de “simbiose histórica entre a força terrestre e o povo brasileiro” como fato preponderante para que a sociedade mantenha a confiança na instituição. “Na fiel observância dos preceitos constitucionais, regidos pelo princípio da ética, da probidade, da legalidade, da transparência e da imparcialidade, conectado no tempo e no espaço e aos genuínos anseios do povo brasileiro, o Exército sempre se fará presente”, afirmou o general.

O presidente Jair Bolsonaro ao lado doex-comandante do Exército, Edson Leal Pujol Foto: Isac Nóbrega / PR

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Em seguida, ao se dirigir ao seu local no palco, Pujol deu um longo abraço em Bolsonaro. A cerimônia em que passará o comando para o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, escolhido para substituí-lo no cargo, está marcada para esta terça-feira, 20.

Ao falar no evento, Bolsonaro, por sua vez, disse que é o Exército quem dá sustentação “para que ninguém ouse ir além da Constituição”. “Nossa democracia e a nossa liberdade não tem preço. Os deveres são constitucionais, mas nós jogamos e sempre jogaremos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Essa é a certeza, essa é a tranquilidade que o nosso povo pode ter com o nosso Exército Brasileiro. Nós sempre estaremos dentro destas quatro linhas”, disse Bolsonaro.

No fim de março, na véspera do 57º aniversário do Golpe Militar, Bolsonaro demitiu a cúpula das Forças Armadas. Pujol (Exército), Ilques Barbosa Júnior (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) foram desligados por não concordarem com a politização das Forças Armadas desejada por ele. Foi a primeira vez na história que um presidente trocou a cúpula militar do País no meio do mandato. A saída foi comunicada um dia após o presidente demitir o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pelo mesmo motivo.

Com a ajuda do novo ministro da Defesa, o general Braga Netto, Bolsonaro agiu rápido para nomear novos comandantes. Como apurou o Estadão na época, Bolsonaro recebeu recados para privilegiar o critério de antiguidade, mas não nomeou os mais experientes de cada força.

No Exército, Paulo Sérgio não era a primeira opção de Bolsonaro. Pesou a favor do general, porém, o fato de ter um perfil apaziguador, hábil no trato com subordinados e um estilo “um manda, outro obedece”, como definiu certa vez o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que teve a gestão marcada apenas pelo cumprimento de ordens do presidente.

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