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Em Caraguatatuba, candidata transexual concorre à prefeitura pelo PSOL

Chapa de Tífany Félix, de 46 anos, tem ainda cinco candidatos a vereador pertencentes ao movimento LGBT

Por Reginaldo Pupo
Atualização:

CARAGUATATUBA - Tífany Félix, de 46 anos, é uma das centenas de candidatas do movimento LGBT espalhadas pelo Brasil que concorren nas eleições deste ano. Ela disputa a prefeitura de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, pelo PSOL. Sua chapa tem ainda 12 candidatos a vereador, sendo cinco pertencentes ao movimento, entre eles o presidente local do partido, Anderson Gueiros e a transexual Kassyane Higuti, de 24 anos.

Candidata transexual à prefeitura faz campanha em Caraguatatuba Foto: Reginaldo Pupo

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Com poucos recursos, Tífany e membros de sua chapa fazem o corpo a corpo com eleitores em bairros da periferia, para divulgar suas propostas. As pessoas pertencentes à minoria são o alvo de sua campanha. "Queremos dar voz às pessoas que por diversos motivos, não têm a oportunidade de reivindicar seus direitos. Queremos trabalhar por justiça e igualdade para todos", afirma ela, repetindo o lema de sua campanha.

Tífany diz que sua candidatura vem sendo bem recebida pelos moradores. "Não sofri até o momento nenhum ato de preconceito. Algumas pessoas se mostram chocadas, mas estou sendo respeitada. Acredito que estamos quebrando um tabu com a sociedade".

A candidata afirma que parte das pessoas que ela visita de casa em casa não sabe de sua condição. "Acabo passando despercebida", diz. "Durante uma de nossas caminhadas, me apresentei a uma senhora e ela ficou feliz pelo fato da cidade ter uma mulher concorrendo ao Executivo. Mas quando informei que era transexual, ela respondeu: 'voto duas vezes'".

Críticas. Ainda de acordo com a candidata, seus cinco adversários na disputa pela prefeitura rejeitam e criticam sua candidatura pelo fato dela ter nascido na vizinha Ubatuba. O pouco tempo de residência fixa em Caraguatatuba, um ano e meio, também estaria sendo usado pelos adversários como crítica.

As candidatas transexuais Kassyane Higuti e Tífany Félix Foto: Reginaldo Pupo|Estadão

A candidata a vereadora Kassyane Higuti diz que a cidade aceita bem o movimento LGBT. "Caso eu seja eleita, vou batalhar para que o público LGBT possa usar seu nome social. Os gays, por exemplo, não encontram dificuldades para encontrar um emprego. Já as transexuais passam por obstáculos por conta do nome original".

Essa é a terceira campanha política de Tífany. Em 2012, candidatou-se pelo PT ao cargo de vereador em Ubatuba, mas diz ter sido "boicotada" pelo partido devido a sua condição. Na eleição seguinte, tentou candidatar-se a deputada estadual pelo PSB, mas teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral por falta de documentos. Para concorrer à prefeitura neste ano, a candidata disse que seu nome passou por duas consultas dentro do partido e por uma prévia. "O PSOL é o único partido que abre as portas para o movimento LGBT", diz o presidente Anderson Gueiros. Levantamento feio pelo Estado com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), no entanto, mostra que 20 partidos têm candidatos do movimento neste ano.

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Dentre as propostas de Tífany estão a valorização dos profissionais da educação, a criação da Guarda Municipal, promoção de eventos na baixa temporada, humanização do atendimento na área da saúde e a criação de um programa de marcação de consultas on line.

A candidata diz que, caso vença as eleições, permitirá que a população monte o secretariado da cidade. "Vamos avaliar os cinco melhores currículos que serão enviados para cada secretaria e por meio de audiência, os moradores irão escolher os nomes de cada pasta. Desta forma, abriremos a possibilidade para que toda a população possa participar ativamente da administração.".

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