Em campanha, Baleia e Simone fazem discurso único para contrapor Bolsonaro

Candidatos à presidência da Câmara e do Senado defendem independência do Congresso e dizem que disputa coloca em jogo o futuro do País

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA – Candidatos do MDB à presidência da Câmara e do Senado, respectivamente, o deputado Baleia Rossi (SP) e a senadora Simone Tebet (MS) decidiram compor um discurso único para contrapor o presidente Jair Bolsonaro na disputa pelas duas casas legislativas. Internamente, integrantes das campanhas defendem o lançamento de uma frente ampla como “trincheira” em defesa da democracia contra o chefe do Planalto.

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Nesta terça-feira, 19, os dois fizeram a primeira agenda pública em Campo Grande (MS), reduto político da senadora. Na capital, Baleia e Simone se reuniram com parlamentares de Mato Grosso Sul. O candidato à presidência da Câmara teve ainda conversas com o prefeito da capital, Marquinhos Trad (PSD), e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Publicamente, Baleia e Simone defendem independência do Congresso em relação ao Executivo e prometeram harmonia. Por outro lado, afirmam que a disputa pelo comando do Legislativo coloca o futuro do País em jogo. 

Conforme o Estadão/Broadcast publicou, a sucessão no Congresso se transformou em um plebiscito para Bolsonaro no Legislativo. Na Câmara, o presidente da República tenta eleger o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão e principal adversário de Baleia. No Senado, o preferido do Planalto é o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O desgaste do Planalto na condução da crise da covid-19 e no fornecimento de uma vacina contra a doença é usado como trunfo para o MDB atrair apoio ao candidato na Câmara e à concorrente no Senado. Nesse contexto, os dois resolveram reforçar o discurso de independência e fazer acenos a parlamentares insatisfeitos com o governo federal. No Senado, por exemplo, o PT, maior partido de oposição, declarou apoio a Pacheco. 

“O que está em jogo é se nós vamos ter compromisso com agenda de recuperação econômica, forças para votar uma agenda social ou se vamos ter mais uma década de crescimento pequeno na economia, de insucessos que infelizmente acabam refletindo na vida da população”, afirmou Baleia em coletiva de imprensa na capital de Mato Grosso do Sul. “A participação de toda a sociedade é muito importante porque o que está em jogo é o futuro do nosso País.”

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disputa a presidência do Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão

As eleições na Câmara e no Senado estão marcadas para o dia 1º de fevereiro. O resultado vai definir quem comandará as duas casas legislativas até o fim de 2022, ano em que Bolsonaro deve tentar a reeleição. “Nunca vimos um governo se empenhar tanto, negociando tantos cargos e tentando influenciar tanto uma eleição na Câmara dos Deputados e no Senado como agora”,afirmou o deputado, fazendo referência à articulação do Planalto para liberação de verbas e distribuição de cargos na máquina federal.“Temos como valor a independência da Casa e não vejo motivos de uma influência tão violenta (do Executivo nacional) na sucessão das duas casas.”

Pedido de impeachment

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O colapso no sistema de saúde em Manaus levou a oposição a protocolar mais um pedido de impeachment contra o presidente da República. A decisão de abrir a investigação caberá ao próximo presidente da Câmara. “Nada pode ser negado neste momento. Cada situação vai exigir de nós que, ouvindo os senadores e deputados, tomemos as medidas que precisam ser tomadas”, disse a senadora do MDB. “Nada impede uma análise criteriosa se há responsabilidade de agente público A, B ou C, mas não vamos esquecer que temos outros Poderes e órgãos públicos para esse fim.” 

Baleia Rossi tem evitado se comprometer com a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro, mas é pressionado pela oposição. “Não somos candidatos de oposição, mas de um posicionamento claro do parlamento independente. Temos compromisso com a agenda do País, não vejo motivos para esta influência tão violenta do governo na sucessão das duas casas”, afirmou o deputado ao lado da candidata à presidência do Senado. 

No Senado, Pacheco atraiu o apoio de nove partidos que somam 41 senadores. Não há garantia, porém, que todos os parlamentares seguirão suas bancadas na escolha. Tebet fechou aliança com três bancadas, incluindo o próprio partido. Para contrapor o favoritismo do candidato do DEM, a senadora tenta abrir canais fora do Congresso, como no mercado financeiro, para pressionar os colegas. Nesta semana, a parlamentar deve conversar com a empresária Luiza Trajano e a economista Elena Landau. /COLABOROU LUCIA MOREL, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

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