Em blog, Jefferson ataca procurador-geral da República

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Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

No primeiro dia do julgamento em que os ministros do Supremo Tribunal Federal decidem se aceitam a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra os 40 suspeitos de envolvimento no mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) se recolheu. No entanto, encontrou uma maneira de atacar o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que o incluiu na denúncia. "Desconfio de todo moralista", escreveu hoje no seu blog. Procurado desde segunda-feira, Jefferson informou por sua assessoria que recusaria entrevistas antes do fim do julgamento. Na casa dele em Petrópolis, na região serrana, a informação é de que ele está no Rio, onde fez uma cirurgia de catarata na segunda. Dizendo seguir orientações médicas, pretende passar a semana em repouso no apartamento que mantém na zona sul da capital. Porém, ele parece não ter poupado os olhos da tela do computador. Pouco depois do início do julgamento, Jefferson atacou Souza em seu blog. Às 12h14, postou um comentário em que se refere ao procurador como "papa-hóstia". Lembrando ter denunciado o mensalão, ele diz que o procurador nada fez além de reproduzir suas acusações e o incluir na denúncia a serviço de interesses petistas. "Embora tenha incluído o nome de ministros e da cúpula do partido na denúncia do mensalão, pois não havia como deixar de fazê-lo, o procurador-geral joga com o governo do PT", escreveu. "Deixou isso claro quando incluiu meu nome, me descredenciando, impedindo-me de avançar, mesmo reconhecendo que tudo que eu dissera tinha sido comprovado. Na verdade, ele atuou, apenas, como assistente de acusação. Nada acrescentou", acusou. Às 12h22, ele novamente ironizou a fama de católico praticante do procurador para questionar sua idoneidade: "Mas, procurador, eu tenho do senhor a mesma desconfiança em mim depositada. Aliás, desconfio de todo homem que vive genuflexo (ajoelhado) em sacristia e papando hóstia. E batendo no peito em nome da ética e da moral. Todos os que eu vi antes eram hipócritas. Será você, dom Antonio Fernando, a exceção?" Em seguida, justifica o questionamento referindo-se ao ex-procurador-geral Aristides Junqueira, contratado pelo PT para defender petistas no caso Celso Daniel e que teria recebido os honorários por meio de Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. "Junqueira, que já foi o Robespierre da República, o incorruptível, o implacável, descobriu-se depois, na CPI do Mensalão, foi remunerado por milionários honorários provenientes de caixa dois sem declará-los ao Imposto de Renda. Dom Antonio Fernando, eu desconfio de todo moralista".

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