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Em audiência, delatores da Andrade dizem que Assad gerava caixa 2 para empresa

Os ex-executivos Clóvis Primo e Flávio Barra prestaram depoimento na ação penal da Operação Irmandade

Por Mariana Sallowicz
Atualização:

Rio - O ex-executivo da área de energia da Andrade Gutierrez Flávio Barra afirmou em depoimento nesta terça-feira, 14, que foi procurado pelo empresário Samir Assad em 2007, quando ele ofereceu a possibilidade de gerar recursos em dinheiro para pagamento de propina para a construtora.

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"Essa solução, à medida que alguns contratos demandavam dinheiro em espécie, virou prioritária para diretores resolverem seus compromissos", disse em depoimento na 7ª Vara Federal Criminal do Rio durante audiência da Operação Irmandade. Segundo o ex-executivo, inicialmente as notas emitidas pelas empresas de Assad correspondiam a prestações de serviços. "Mas eu diria que majoritariamente os recursos eram para caixa dois", afirmou. A empresa mais utilizada era a Legend (Engenheiros Associados), relatou.

O ex-diretor de obras da AG, Clóvis Primo, confirmou em depoimento que a construtora pagou propina para o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, assim como para membros da diretoria da empresa por meio de dinheiro do caixa dois. As empresas dos irmãos Samir e Adir Assad eram geradoras do caixa dois da construtora, afirmou Clovis Primo.

Segundo ele, alguns diretores tinham empresas pelas quais recebiam o pagamento. Outros recebiam em espécie. O ex-executivo explicou que a diretoria financeira da AG "cuidava de gerar recursos para fazer os pagamentos". A Operação Irmandade foi deflagrada em agosto do ano passado. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à 7ª Vara Federal Criminal 11 pessoas por dezenas de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

A denúncia acusa Samir Assad por 223 crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, além de organização criminosa. Ele é acusado de liderar, ao lado do seu irmão Adir Assad, o núcleo financeiro operacional responsável por empresas de fachada que intermediavam o repasse de vantagens indevidas e geravam caixa dois para pagamentos de propina em espécie pela construtora Andrade Gutierrez a diretores da Eletronuclear na construção da Usina de Angra 3. 

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