Em artigo, Clube Militar diz que STF age 'como nas ditaduras' contra liberdade de expressão

Texto em defesa da democracia e da liberdade de expressão faz duras críticas à conduta do Supremo Tribunal Federal e questiona se ação da Corte não seria uma 'ditadura da toga'

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Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O Clube Militar publicou nesta quarta-feira, 17, um artigo em defesa da democracia e da liberdade de expressão, com duras críticas à conduta do Supremo Tribunal Federal (STF). O texto afirma que "somente nas ditaduras (...) a liberdade constitucional de expressão, defendida e alardeada, só é admitida para falar positivamente". O artigo, intitulado "E agora, José?", questiona se esse tipo de ato não seria "ditadura da toga". Como os militares da ativa não podem falar, o pensamento da categoria, principalmente em questões mais delicadas, é expresso por meio de editoriais do Clube Militar.

O ministro Alexandre de Moraesdeterminou medidas de busca e apreensão no inquérito que investiga notícias falsas e ataques a ministros da Suprema Corte. Foto: Leonardo Benassatto/Frame Photo

"Acabamos de viver um dia negro, nebuloso, em que a perplexidade tomou conta da população, face às notícias emanadas do Supremo Tribunal Federal, maior, ou pretensamente maior, autoridade de Justiça da Nação", diz o texto, que se refere ao mandado de busca e apreensão na casa do general Paulo Chagas, por conta dos posts publicados com críticas a ministros do STF. O Clube Militar afirma que um de seus membros foi "tolhido em seus legítimos direitos constitucionais em ação, ditatorialmente, editada". E emenda: "Começamos a temer pelas verdadeiras causas de tudo isso. Muitas são as notícias que envolvem os atores". Em seguida, o editorial prossegue dizendo que "temos convivido há muito tempo com uma cultura insana e retrógrada, via de regra estimulada, de tudo ser permitido para atingir certos objetivos pessoais, corporativos e políticos, por escusos que sejam". De acordo com o Clube Militar, "a visível mudança que vem surgindo depois de 2013 sugere novos e corretivos rumos e, consequentemente, desagrados de muitos, viciados nos tortuosos ventos aplacados pelas calmarias indicadoras de novas e profícuas sendas". Para a instituição, "é inconcebível que qualquer e indevida atitude venha retratar inconformismo e, menos ainda, enseje reação, possibilitando defesa, a qualquer preço, de status quo preexistente". O texto encerra ressaltando que "os ventos que têm soprado após as últimas eleições sinalizam novos tempos e, queira o bom Deus, dito brasileiro, que eles sejam de virmos a viver dentro da ordem e do progresso - um novo e redimido Brasil!".

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