Em alta com Bolsonaro, novo ministro da Justiça ganhou até sala no Palácio do Planalto na pandemia

Espaço foi criado em março pela frequência com que André Luiz Mendonça passou a ser chamado para despachar na Presidência em meio à crise do coronavírus

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Por Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA  - Nos 16 meses de governo Jair Bolsonaro em que esteve à frente da Advocacia-Geral da União, André Luiz Mendonça, que toma posse nesta quarta-feira, 29, como ministro da Justiça, se tornou um dos principais conselheiros do presidente. O prestígio garantiu até mesmo uma sala no quarto andar do Palácio do Planalto. O espaço foi criado em março pela frequência com que passou a ser chamado para despachar na Presidência em meio à pandemia do coronavírus.

O Advogado-geral da União, AndréMendonca, durante julgamento no Supremo Tribunal Federal em junho de 2019 Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Servidor de carreira da Advocacia-Geral da União desde 2000, Mendonça foi alçado ao cargo de ministro após uma conversa de apenas 40 minutos com Bolsonaro durante o governo de transição, no final de 2018. Chegou recomendado pelo ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União, mas em pouco tempo se tornou próximo de Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e Subchefe de Assuntos Jurídicos

Ainda no primeiro ano de governo, os dois se tornaram a dupla de confiança do time de Bolsonaro, consultados a qualquer hora do dia ou da noite sobre os mais variados temas na área jurídica. Se Oliveira tem a insuspeição irrestrita de Bolsonaro graças à proximidade familiar há mais de 20 anos, Mendonça se destacou justamente pelo conhecimento técnico. 

O ministro tem doutorado na Universidade de Salamanca, na Espanha, em 2013 e 2018, e atuou como pesquisador e professor visitante na Universidade de Stetson, nos Estados Unidos. Apesar de apontado como uma pessoa tranquila e discreta, segundo relatos ao Estado, Mendonça é firme em defender seus argumentos nas reuniões ministeriais, mas sempre tenta buscar uma conciliação diante das divergências. 

O então AGU ganhou destaque em julho do ano passado após Bolsonaro dizer que indicaria um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal FederalMendonça é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília, tem o perfil moderado e não é apadrinhado por nenhum líder religioso. Ex-colegas de Mendonça na AGU só souberam que ele era evangélico após ele ter se tornado ministro.

Para auxiliares de Bolsonaro,o discreto Mendonça chega para ser a antítese de Moro, o ex-juiz da Lava Jato que tinha status de “estrela” no governo. O presidente também se tranquiliza por não ver no novo ministro da Justiça aspirações políticas. “André é um ponto de ponderação no governo, vai trazer a estabilidade que é preciso agora”, avaliou um auxiliar direto de Bolsonaro. 

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