23 de setembro de 2015 | 14h18
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá pedir nesta quarta-feira, 23, à presidente Dilma Rousseff que adie o anúncio da reforma ministerial em mais alguns dias e não deixe insatisfeitos pelo caminho. Para Lula, é preciso cautela para evitar que uma nova revolta na base aliada, neste momento, deteriore de vez o ambiente político.
Lula está almoçando com Dilma, no Palácio da Alvorada. As mudanças no primeiro escalão do governo são consideradas essenciais para atrair aliados – principalmente o PMDB –, frear as tentativas de impeachment no Congresso e aprovar o pacote fiscal.
Na avaliação do ex-presidente, Dilma deve conversar mais com deputados e senadores, ouvir todos os lados e só anunciar a reforma ministerial depois que voltar de sua viagem internacional. Dilma deve embarcar amanhã para Nova York, com o objetivo de participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Impasse. Planejada para unificar a base aliada, a reforma já começa a provocar impasse com o PMDB. Depois de conseguir tirar do PT o Ministério da Saúde, a bancada do PMDB na Câmara insiste agora em controlar a futura pasta da Infraestrutura, que será formada pela fusão de Portos e Aviação Civil.
O grupo ligado ao vice-presidente Michel Temer, porém, quer que Eliseu Padiha – hoje na Aviação Civil – fique à frente do novo ministério. Além disso, o PMDB no Senado reivindica a Integração Nacional, atualmente com o PP. Dilma chegou a oferecer o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ocupado por Armando Monteiro (PTB), para a bancada do PMDB no Senado, mas não houve acordo.
Em conversas reservadas, ministros admitem que, embora o governo tenha vencido a primeira batalha contra a “pauta-bomba”, mantendo vetos presidenciais importantes para evitar o aumento do rombo nas contas públicas, ainda falta muito para vencer a guerra. O dólar continua subindo e, nas palavras de um auxiliar de Dilma, as próximas pelejas serão tão ou mais difíceis.
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