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Em abril de 1980, líder sindical foi preso por incitar greve

Lula ficou 31 dias preso e foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional; no cárcere, ficou sem comer por dois dias

Por Liz Batista e Edmundo Leite
Atualização:

Lula foi preso dois dias depois de ser destituído do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, que desde 1.º de abril liderava uma greve com forte adesão nas fábricas. Ao chegar à sede do Dops no centro de São Paulo, foi informado que estava enquadrado na Lei de Segurança Nacional, artigo 36, incisos 2, 3 e 4, acusado de incitar a greve. 

Sindicalista, Lulaé fichado no Dops Foto: ARQUIVO PESSOAL

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Os sete primeiros dias foram em regime de incomunicabilidade, até que Lula pudesse receber visitas e se encontrar com seu advogado, Luís Eduardo Greenhalgh. No quarto dia de prisão, Lula prestou depoimento por quatro horas e meia. 

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Com a proximidade do Dia do Trabalho, 1.º de maio, os trabalhadores começam a preparar manifestações em apoio à greve e a Lula. No dia seguinte, o habeas corpus de Lula e outros cinco metalúrgicos é levado ao plenário do Superior Tribunal Militar, mas indeferido por unanimidade. O juiz-auditor Nélson da Silva Machado Guimarães condiciona a libertação de Lula ao fim da greve. O movimento grevista divulga mensagem em que Lula diz que “se quiserem negociar nossa liberdade com o retorno dos companheiros de cabeça baixa para dentro das fábricas, nós vamos mofar aqui dentro da cadeia”.

No dia seguinte, Lula e os colegas iniciam greve de fome reivindicando a retomada das negociações. A greve de fome dura dois dias. No mesmo dia é encerrada a greve no ABC. 

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No 24.º dia de prisão, Lula receberia a notícia da morte de sua mãe, Eurídice Ferreira de Melo, a Dona Lindu. É concedida liberdade temporária para que ele possa ir ao velório e enterro da mãe. Cerca de duas mil pessoas vão ao cemitério prestar homenagem com gritos de “queremos Lula livre”.

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Em 14 de maio, Leonel Brizola tenta visitar Lula, sem sucesso. No dia 20, Lula e outros 11 dirigentes sindicais são libertados. A jornalistas, Lula disse que se tivesse que ser condenado por causa da luta em favor de melhores condições para os trabalhadores seria um “condenado contente”. Quando questionado sobre seus planos para o futuro, o sindicalista declarou: “Não tenho projeto para o futuro. Meu destino está ligado à minha categoria profissional”.