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Em 4 meses, denúncias esvaziaram poder de Renan

Suspeito de seguidas irregularidades, senador brigou, jurou que não saía, mas perdeu a batalha

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Por Gabriel Manzano Filho
Atualização:

A destinação de verbas federais para Murici, a terra do clã dos Calheiros, numa proporção bem maior que a de outras cidades alagoanas, é apenas mais uma na longa lista de denúncias que, desde 25 de maio, esvaziaram completamente o prestígio político do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros PMDB-AL). Desde aquele dia, quando a revista Veja divulgou a primeira dessas denúncias, até terça-feira passada, quando ele enfim deixou o cargo - em tese, por 45 dias - seu nome estava no centro de quatro ou cinco escândalos e sua resistência a deixar a presidência acabou por deixá-lo isolado. Foram 139 dias em que o senador alagoano esbravejou, manobrou na Comissão de Ética e no plenário, jurou que jamais deixaria o posto - tudo em vão. Ao fim, abandonado pelo Planalto, pelo PT e pelo PMDB, afastou-se para "demonstrar de forma cabal" que "não precisaria do cargo" para mostrar ao País sua inocência. O primeiro desses escândalos veio a público quando a Veja o acusou de recorrer a um lobista da construtora Mendes Jr. para pagar despesas que tinha com Mônica Veloso, uma jornalista de Brasília com quem tinha, fora do casamento, uma filha de três anos. Ao defender-se, ele piorou sua situação: apresentou argumentos que se mostraram falsos e notas que a Polícia Federal descobriu serem frias, sobre operações de venda de gado em Alagoas . Em seguida, revelou-se uma operação suspeita, a venda de uma fábrica de bebidas para a Schincariol por R$ 27 milhões, muito mais do que ela valia. Surgiu a suspeita de que parte desse dinheiro seria um pagamento a Renan, para intermediar problemas da fábrica de cerveja com o fisco e o INSS. A terceira denúncia foi a de que o senador teria comprado, com ajuda de laranjas, duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, sem nada informar à Receita Federal. E a quarta dava conta de que ele teria participado, com outros congressistas, da arrecadação de propinas para o PMDB em vários ministérios. Seu único momento de alegria, nesses quatro meses e meio, foi ser absolvido pelo plenário do Senado, onde 46 dos outros 80 senadores recusaram-se a votar por sua cassação, em setembro. Agora, seu maior desafio será, ao fim dos 45 dias de licença, dispor de condições para retornar ao cargo - uma hipótese em que, no Congresso, praticamente ninguém mais acredita.

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