PUBLICIDADE

Eleitores sem partido decidirão eleição

Por Fátima Pacheco Jordão
Atualização:

Na reta final, um em cada cinco eleitores da capital não escolheu firmemente seu candidato a prefeito e a maioria (63%) nem sequer escolheu o vereador. A apuração do Ibope confere com a do Datafolha; nesta pesquisa, por exemplo, 20% dos eleitores indicam que , até o dia 5 de outubro, seu voto (estimulado com lista de candidatos) poderá mudar. Nesse período ocorrerá o debate final na TV Globo, que se configura como um dos momentos mais estratégicos no panorama da comunicação eleitoral da semana. As campanhas podem ter cartas escondidas nas mangas para um jogo que tem algumas táticas a serem aplicadas nestes dias. Marta buscará recuperar a vantagem que perdeu em setembro. No estoque de votos para o segundo turno, tinha 50% e 55%, respectivamente contra Alckmin e Kassab no fim de agosto e levava uma vantagem de 11 a 23 pontos percentuais contra seus principais adversários. Hoje tem 45% de intenção de voto projetado para o segundo turno e com eles empata. Neste primeiro turno, ao contrário do início do mês, Alckmin e Kassab, ainda que divididos politicamente, tem hoje, mais votos (45%) que a petista (35%). É fato que Marta Suplicy ainda tem reservas eleitorais a serem buscadas, está bem abaixo da avaliação positiva de Lula na Capital (55%, Ibope). Tentará também conquistar 20% dos votos de simpatizantes do PT que, não obstante a preferência pela estrela, votam no primeiro turno em outros candidatos (Data folha). A convocação do arrastão sindicalista tem justamente o objetivo de comover esse segmento. Na semana que passou, as campanhas ficaram mais contundentes; Marta atacou mais Kassab, Kassab atacou mais Marta, Alckmin atacou mais Kassab do que Marta. Marta declarou não ter preferência por adversário no segundo turno, mas a estratégia de ataque da sua campanha indica que o adversário antecipado é Kassab. As duas pesquisas publicadas neste fim de semana continuam reforçando, como na semana anterior, as indicações de que Kassab poderá ser o candidato a chegar à disputa do dia 26 de outubro, decisão final da eleição. Essas pesquisas (Ibope e Datafolha) apontam tendência de crescimento de Kassab no conjunto do eleitorado e descolamento em relação a Alckmin. Nos segmentos de baixa renda e escolaridade (majoritários no conjunto), Kassab ganhou votos enquanto Alckmin perdeu na mesma proporção (cinco pontos percentuais). Entre mulheres, segmento estratégico, não apenas por ser majoritário no eleitorado, mas por ter parcela maior dos que se definem na última hora, Kassab amealhou 6 pontos percentuais nesta semana; Alckmin perdeu dois pontos (Ibope). Datafolha aponta em outro segmento - o de eleitores que afirmam não ter preferência partidária -, também majoritário, o crescimento de Kassab (3 pontos percentuais) e a queda equivalente de Alckmin. Ou seja, os indicadores mais recentes dão mais vantagens a Kassab. Mas, atenção, trata-se de uma semana carregada de manobras previsíveis e não previsíveis. Domingo ainda está longe, para 20% de eleitores. Para o segundo turno, como vimos, os institutos projetam um empate. Esse empate foi apurado também nos segmentos majoritários: o de mulheres e o de eleitores de baixa escolaridade. A pesquisa do Datafolha, no entanto, abre brecha para uma interpretação instigante. No segmento dos "sem partido" (62% do eleitorado), Kassab ou Alckmin venceriam Marta no segundo turno com 16 pontos de diferença. Esses eleitores, presumivelmente, discriminam mais ofertas de serviços do que lógicas partidárias. Aparentemente, as lideranças de Lula ou de Serra contribuirão menos nessa quadra de eleitores. A diferença, para eles, se fará nos argumentos sobre parcerias que esses governantes poderão propiciar em serviços para a cidade. Já os times de vereadores eleitos no domingo, mais perto dos eleitores nas bases, poderão ter uma influência importante no desempate do segundo turno. Se Kassab for para o segundo turno e lá vencer, Serra poderá comemorar uma vitória política de impacto nacional. Se a vitória for de Marta, o chamado "fator Lula", ainda não comprovado na eleição de São Paulo, poderá dar ao presidente uma densidade que sua popularidade ainda não garante efetivamente para 2010. A continuação no segundo turno será, mais do que qualquer outra já disputada na cidade, uma outra eleição. Tanto na geografia política, como no calendário eleitoral.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.