Eleitor só reelege prefeito que tiver boa avaliação

Estudo mostra que chance de reeleição é sempre proporcional à taxa de aprovação no primeiro mandato

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Por Carlos Marchi
Atualização:

A cada eleição, os eleitores examinam com mais cuidado a gestão de um prefeito candidato à reeleição. Por isso, a chance de um prefeito se reeleger é proporcional à aprovação de sua gestão na prefeitura, mostra estudo que cruzou avaliações dos prefeitos de 76 grandes municípios brasileiros com os resultados eleitorais do dia 5. A reeleição tem sido estritamente fiscalizada pelo povo, prova o trabalho: "Só se reelege quem tem méritos", afirma o autor do estudo, o cientista político Alberto Almeida, do Instituto Análise. O cruzamento de dados estipulou os limites de uma "taxa de êxito" para medir a chance da reeleição: os que chegam às vésperas do pleito com aprovação de 50% têm 59% de chances de ser reeleito, mas uma avaliação positiva de 40% reduz essas chances para 36%; se a aprovação for de 30%, a chance de reeleição desaba para 16%. Com base no estudo, Almeida fixou uma curva de possibilidades para os prefeitos que tentam a reeleição, à luz da taxa de aprovação de seu primeiro mandato. O estudo recomenda: prefeitos com aprovação abaixo dos 50% devem pensar duas vezes antes de buscar a reeleição. A votação da semana passada deu exemplos. Flávio Kayatt (PSDB) foi à reeleição em Ponta Porã (MS) com a melhor aprovação do País (85%); ganhou sem sustos, com 76% dos votos válidos. Com 82% de aprovação, Ruiter Oliveira (PT) foi à reeleição em Corumbá (MS) e cravou 81% dos votos. Em Piracicaba, o tucano Barjas Negri, com aprovação de 81%, alcançou consagradores 88% dos votos. Outro exemplo foi Beto Richa (PSDB), aprovado por 81%, se reelegeu em Curitiba no primeiro turno com 77% dos votos. COMPORTAMENTO DO ELEITOR Almeida alerta que o estudo tem por base um modelo probabilístico baseado no comportamento médio do eleitor brasileiro: "Situações locais específicas podem fazer com que um prefeito com baixa aprovação se eleja ou vice-versa", explica. Isso pode acontecer em municípios que elegem o prefeito em um turno se houver muitos candidatos, situação que costuma pulverizar o voto; ou então, em municípios com dois turnos, se o adversário tiver uma taxa de rejeição alta, por exemplo. Um desses casos aconteceu em Lajes (SC). Renato Oliveira (PP) conseguiu se reeleger com 46% dos votos, contra 42% de Carlos Fernando Agustini (PPS), mesmo tendo uma aprovação de apenas 32%. Mas Oliveira foi uma exceção: o estudo comprovou que todos os outros prefeitos que tinham aprovação inferior a 40% e se aventuraram na reeleição acabaram derrotados nas urnas. Da mesma forma, nem sempre prefeitos com boa avaliação vencem - o estudo lista oito derrotados com avaliação superior a 50%. Esses casos, afirma Almeida, têm explicações locais. Há dois exemplos extremos. Em Linhares (ES), José Carlos Elias (PTB), com aprovação de 65%, teve 39% dos votos e perdeu para Guerino Zanon (PMDB), que teve 60%. Explica-se: Elias se elegeu em 2004 com apoio de Guerino, que deixava a prefeitura, e agora desafiou o antigo padrinho. Perdeu porque a avaliação de Guerino quatro anos atrás era melhor. Em Santa Bárbara d?Oeste (SP), José Maria de Araújo Jr. (PSDB), com aprovação de 65%, teve 47% dos votos e perdeu para Mário Heins (PDT), com 52%. O eleitorado local apontou que a saúde era sua demanda principal: Heins, que é médico, prometeu construir um hospital no município e Araújo ignorou o tema na campanha. Perdeu.

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