Eleição do Congresso isola PFL e une PMDB e PSDB

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Por Agencia Estado
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O resultado das eleições para as presidências da Câmara e do Senado eliminou o PFL do comando do Legislativo e isolou o partido da base aliada do governo no Congresso, cuja recomposição dependerá agora da interferência direta do presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a vitória de Jader Barbalho (PMDB-PA) no Senado, e de Aécio Neves (PSDB-MG) na Câmara, consolidou-se no Congresso a aliança entre PSDB e PMDB, que será decisiva nas negociações para a sucessão do presidente Fernando Henrique, em 2002. O PFL reúne-se nesta quinta-feira, às 10 horas, para discutir que rumo tomará, mas dificilmente haverá uma definição nesse primeiro encontro. Ao mesmo tempo, os líderes do governo nas duas Casas entrarão em campo para reacomodar os aliados e a primeira conversa será com os dirigentes do PFL, entre eles os senadores Jorge Bornhausen (SC) e Antonio Carlos Magalhães (BA). A derrota dupla do PFL no Congresso deverá representar a sua exclusão da posição de parceiro privilegiado da coalização de partidos que sustenta o governo. Depois do resultado desta quarta-feira, o partido de ACM, responsabilizado pelo fracasso político, o PFL deverá trabalhar com duas alternativas para 2002: a candidatura própria ou buscar nomes fora de seus quadros, como exemplo, o prefeito César Maia, do PTB. Dificilmente os pefelistas assumirão uma linha de oposição radical ao governo, mas estarão liberados para atuar com mais independência. Pretendem mostrar claramente ao presidente Fernando Henrique Cardoso que a opção palaciana fora claramente estabelecida nas eleições do Legislativo. Tanto o PFL quanto os demais partidos da base aliada trabalham com a perspectiva de reforma ministerial, que poderá ajudar na reorganização da base aliada ou para delimitar o espaço e o poder de cada um dos partidos. Mas o quadro político só deverá ficar claro depois do carnaval, dando tempo para pacificar o ambiente. A vitória do PSDB e PMDB representa também, nas avaliações políticas, o fortalecimento da eventual candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à presidência da República. Inclusive, deputados e senadores alegam que, nos bastidores, ele teria atuado para reforçar a candidatura de Jader Barbalho e de Aécio Neves. E, no entender de políticos do PMDB, ficará difícil o retorno do governador Itamar Franco ao PMDB, que queria buscar no partido uma porta para disputar a sucessão de Fernando Henrique. Uma possível candidatura de Serra teria respaldo do PMDB, embora não reúna todo o PSDB. "O presidente Fernando Henrique precisa ter o cuidado para não colar sua imagem a de Jader ", disse o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), no calor da disputa do Congresso. "Quando criou o PSDB, Fernando Henrique fugia do grupo quercista e agora está voltando aos braços da banda podre do PMDB", completou outro senador, referindo-se ao grupo político de Barbalho que comanda o PMDB e que agora presidirá o Congresso. Se fortalece Serra, abala diretamente o governador Tasso Jereissati, do Ceará, que tem o apoio declarado de ACM e do governador de São Paulo, Mário Covas. Jereissati e ACM são, por isso mesmo, apontados como os maiores derrotados da eleição da Câmara e Senado. A presença de Tasso Jereissati é aguardada nesta quinta-feira em Brasília, onde deverá se encontrar com o presidente Fernando Henrique. ACM, por sua vez, deixou claro que será um aliado do Planalto, mas "sem subserviência". Apesar das desavenças públicas com ACM, o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), pretende atuar na linha da unidade com o objetivo de ter cacife político para os próximos lances.

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