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Eleição de Collor para comissão enfraquece PT e reforça PMDB

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que disputava o cargo, foi derrotada justamente pelo atual líder do PMDB

Por Cida Fontes
Atualização:

A eleição do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para a presidência da Comissão de Infraestrutura, enfraqueceu politicamente o PT e reforçou o PMDB na Casa. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que disputava o cargo, e que assumiu publicamente em 2007 a defesa do peemedebista Renan Calheiros (AL), quando ele respondia a processo por quebra de decoro parlamentar, foi derrotada justamente pelo atual líder do PMDB. Com o apoio do ministro de Relações Institucionais, José Múcio, do mesmo partido de Collor, Calheiros fechou um acordo com o PTB e aliou-se ao DEM para derrubar Ideli.   Veja também:  Collor é eleito presidente da Comissão de Infraestrutura   Todas as tentativas de acordo na base aliada fracassaram. Múcio ainda tentou que Ideli desistisse da disputa com Collor para assumir a presidência da Comissão de Educação. Desde o início do ano, a senadora deixou claro ao governo que não abriria mão do cargo, mesmo porque a vaga era do PT que já está sem poder no Senado. Ao manter a sua candidatura, a petista foi atrás do PSDB. Mas também não obteve os quatro votos dos tucanos na Comissão de Infraestrutura. O senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que fecha com o grupo de Sarney - tanto que é vice-presidente do Senado - não compareceu. Disse a colegas que, se fosse, votaria contra a petista.   Com o apoio de 3 dos 4 senadores do PSDB e de senadores do PDT, PR, PC do B e PSB, Ideli conseguiu reunir 10 votos contra 13 de Collor.   A derrota de Ideli significa, por outro lado, o retorno de Collor à cena política. O ex-presidente da República tem atuação apagada no Senado e, por duas vezes, tirou licença do mandato. Durante o debate, o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), bateu boca com Calheiros, denunciando que ele fizera um acordo com o PTB usando o direito de seu partido de indicar o presidente da comissão. Ao contrário do PMDB, segundo ele, o PT preferiu respeitar o princípio democrático da proporcionalidade a fechar com "alianças circunstanciais que violam os direitos".   Com esse discurso, o PT, apesar da vitória de Collor, tenta lucrar politicamente na opinião pública. Ou seja, não aderiu a uma facção política que ajudou a derrubar há 20 anos. Apesar disso, os petistas dizem que o presidente Lula decidiu não interferir pessoalmente na disputa da sua base para não entrar em choque com o PMDB de Renan Calheiros e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O acordo fechado pelo líder do PMDB ainda faz parte da fatura com o PTB, que garantiu os seus sete votos a Sarney, que derrotou o petista Tião Viana (AC) para o comando do Senado.

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