Eleição da nova diretoria da OAB-SP atrai apoio velado de representantes de partido

Votação de seccional paulista da Ordem está marcada para hoje; candidatos, porém, não admitem influência política

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Por Pedro Venceslau e Rayssa Motta
Atualização:

Com 350 mil advogados inscritos no Estado, a OAB-SP, maior seccional do País, é um universo que rejeita partidarização da entidade, mas convive com a disputa dissimulada de lideranças políticas por espaços de projeção na entidade. 

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A eleição para a seccional paulista da Ordem ocorre nesta quinta-feira, 25. Durante a campanha, aliados dos candidatos trocaram “acusações” sobre os apoios de políticos e ligações partidárias. Os postulantes costumam fugir do assunto quando questionados sobre a relação com o mundo político. 

Apesar de ser apontado pelos adversários como “conservador”, o candidato da situação, Caio Augusto, tem apoio de petistas e de advogados do PC do B para se reeleger, embora nenhuma das duas siglas tenha anunciado apoio formal. “Ele (Caio) abriu espaços para todas ideologias e não só para os grandes escritórios. É possível atuar na ordem sem misturar as estações”, disse o advogado da área civil Arnobio Rocha.

Aliados dos candidatos da OAB-SP trocaram 'acusações'sobre os apoios de políticos e ligações partidárias. Foto: Reprodução/OAB-SP

Filiado ao PT, Rocha é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, um órgão visado por partidos de esquerda. “A gente representa a advocacia, e não o partido”, afirmou. 

A candidatura de Dora Cavalcanti, advogada criminalista que atuou na defesa de acusados na Lava Jato, reúne petistas de destaque. Ela conta com apoio de advogados como Luiz Eduardo Greenhalgh, José Eduardo Martins Cardozo e Marco Aurélio Carvalho. Boa parte do conselho da campanha de Dora é do grupo Prerrogativas, integrado por “progressistas” e “antilavajatistas”. 

Apesar do grande número de nomes ligados ao PT no entorno de Dora, o ex-coordenador do setorial jurídico da legenda, Marco Aurélio Carvalho, classifica como “inoportuna, indesejável e inconveniente” a participação de partidos políticos na OAB. “Não temos apoio de nenhum partido político. Quem acompanhou a campanha da Ordem sabe que recebemos apoios de todas os matizes. Posso citar os ex-ministros da Justiça, José Carlos Dias, Miguel Reale Júnior e José Eduardo Cardoso.”

Patrícia Vanzolini tem o apoio de Marcos da Costa (PTB), que foi candidato a vice -prefeito em 2020, na chapa de Celso Russomanno

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“Nosso partido é a advocacia paulista. Nossa chapa é resultado do Movimento 133, criado por nós para trazer a pauta de renovação política para a OAB. Queremos inserir a OAB no debate da renovação política, mas por caminhos próprios”, disse Patrícia.

Já o advogado Alfredo Scaff recebeu a adesão de advogados bolsonaristas durante a campanha – Carla Zambelli e Coronel Tadeu, ambos do PSL. “O fato de eu ter apoio de pessoas que apoiam o Bolsonaro não significa que sou bolsonarista”, defendeu-se o candidato. 

Procurado, Caio Augusto negou que sua chapa tenha qualquer tipo de influência partidária. “Somos uma chapa de 176 pessoas. Provavelmente deve haver pessoas filiadas a algum partido, mas não sei quantas pessoas seriam, pois essa nunca foi uma questão de caráter decisório para compor ou não a chapa. O que não admitimos é que, enquanto membro eleito, se faça qualquer tipo de ativismo partidário dentro da gestão”, argumentou.

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