''''Ele não respondeu com clareza pontos do relatório''''

Senador prega que Renan antecipe defesa e pede que PT vote levando em conta evidências, não só o fato de ser da base aliada

Por Ricardo Brandt
Atualização:

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acredita que, se o presidente do Senado, Renan Calheiros, não trouxer até quarta-feira novos fatos que possam diluir as provas encontradas contra ele de quebra de decoro parlamentar, dificilmente ele escapará da cassação do mandato. A seguir, a entrevista. O senador Renan Calheiros deve ser cassado na quarta-feira, quando será votado relatório que aponta quebra de decoro parlamentar?Ele precisa ter o pleno direito de defesa até quarta-feira, mas avalio que ele não respondeu com clareza os pontos contidos no relatórios dos relatores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), que nos levaram a recomendar a cassação. Há evidências então que justifiquem a cassação do mandato por quebra de decoro? Há diversos pontos no relatório que indicam que sim. O senador Renan Calheiros já sabia desses pontos quando fez seu discurso na terça-feira dedicado, sobretudo, a fazer a denúncia contra a revista Veja. Ocasião em que disse que as denúncias contra ele haviam se reduzido a pó. Essa afirmação não é uma defesa satisfatória. Vou citar alguns pontos que precisam ser respondidos. Não se provou que o dinheiro da pensão paga à jornalista Monica Veloso era de fato dele. Ele também não reconheceu de pronto que em 2005 ele apresentou na Lei de Diretrizes Orçamentárias uma emenda de R$ 2 milhões para obras no cais de Maceió (AL) que foram realizadas pela Mendes Júnior. Ele também não explicou os motivos por não ter declarado à Receita empréstimo de R$ 178 mil feito junto a uma empresa de um amigo. Questionado pelos relatores por que ele não havia indicado o empréstimo na sua declaração, Renan disse que foi por razão de discrição. Por esses e outros pontos sem resposta, o senhor acredita que houve quebra de decoro? Sim, por causa disso eu votei favorável ao relatório que diz isso. Mas gostaria que o senador Renan Calheiros fizesse sua defesa antes de quarta-feira. Ele disse que falará pessoalmente comigo na terça-feira. A renúncia do senador da presidência do Senado antes de quarta-feira evitaria a cassação? Eu recomendei, como outros senadores como Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que seria próprio que ele pedisse licença para que fizesse sua defesa. Mas agora... A renúncia da presidência diminuiria os riscos de cassação ou não? Eu, no lugar dele, já teria deixado a presidência para fazer minha defesa. E, se estivesse no lugar dele, faria a defesa ou na terça-feira em sessão aberta ou apoiaria proposta para que a sessão de cassação fosse aberta para que a defesa seja conhecida não apenas pelos senadores, mas também pela opinião pública. Ele está perfeitamente consciente de que a possibilidade de ele ter votos favoráveis depende muito de ele ser convincente em sua defesa. E entendo que, para ser convincente, não é uma questão de retórica. Depende de ele ser convincente apresentando fatos. O senhor acredita que a definição pela cassação ou não esteja nas mãos de membros do PT? Não é admissível que o meu voto sobre se o senador Renan Calheiros quebrou ou não o decoro parlamentar seja baseado na definição sobre se vamos ou não aprovar a CPMF.

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