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Efeito Roseana: o PSDB com os nervos à flor da pele

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Por Agencia Estado
Atualização:

Não é por acaso que o presidente Fernando Henrique Cardoso pediu a ajuda do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que o acompanha na viagem oficial aos Estados Unidos, para acalmar o governador do Ceará, Tasso Jereissati, e o ministro da Saúde, José Serra. A indefinição do PSDB na corrida presidencial está deixando os dirigentes e presidenciáveis do partido com os nervos à flor da pele. ?Estamos vivendo uma tremenda crise de angústia, ao ver o partido parado e nossos adversários crescendo e ocupando espaço?, resume o governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB). A tensão interna atingiu nível recorde nesta semana, com o ótimo desempenho da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, nas pesquisas eleitorais e com as divergências do tucanato em torno do programa do PSDB no rádio e televisão. Resultado: ninguém se entende nem escapa da rede de intrigas. Às turras com o secretário-geral do partido, deputado Márcio Fortes (RJ), o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), anda distribuindo reprimendas públicas e por vezes até insultos, ao menor questionamento. Ao mesmo tempo, Aníbal também é criticado por companheiros da executiva nacional e pelo governador Dante, que acabou se desentendendo com Serra, que briga com Tasso, que cobra clareza do comando partidário e do Palácio do Planalto e ainda ameaça apoiar Roseana. Partidário da candidatura Serra na corrida presidencial, Fortes está em atrito permanente com José Aníbal, que trabalha para fazer de Tasso o sucessor de Fernando Henrique. As divergências políticas ganharam contornos concretos na discussão dos moldes do programa do partido, que pôs em confronto os governadores e os grupos ligados a cada candidatura presidencial. Enquanto Tasso e Dante de Oliveira, que também é pré-candidato ao Planalto, brigavam para distribuir os 60 comerciais do partido entre os presidenciáveis e dar início à campanha do PSDB, Serra tentava adiar a movimentação para o ano que vem. Em meio às idas e vindas, a executiva tucana decidiu abrir o programa do PSDB às lideranças nacionais do partido, sem falar em candidaturas. Mas nem assim os ânimos se acalmaram. Ao saber que o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), havia gravado sua participação a convite de Fortes, na casa do presidente da Câmara, José Aníbal não teve dúvidas: ?Gravou, mas não entra; quem manda no programa sou eu?. Àquela altura, Tasso é quem se recusava a participar, enquanto Dante protestava porque o partido solicitara apenas imagens suas trabalhando. ?Onde se viu cortar a palavra de um governador?? Furioso com a notícia de que sua participação teria apenas uma cadeira vazia e um locutor explicando que um ministro ocupado não tem tempo para campanha, Serra telefonava do Catar a vários interlocutores, para desmentir a gravação. ?Isto é uma sacanagem, é o PFL fomentando intrigas?, acusava o ministro. Depois dos telefonemas de Aécio, a pedido de Fernando Henrique, os tucanos até baixaram o tom. Mas o líder do partido do Senado, Geraldo Melo (RN), adverte que de nada adiantará fazer de conta que não há presidenciáveis no partido. ?O comando partidário precisa se convencer, com urgência, de que chegou o momento de, ao menos, decidir que método usaremos para escolher nosso candidato ao Planalto?, diz o líder.

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