Educadores acham que projeto exige cuidados

Por Agencia Estado
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Educadores ouvidos pelo Estado sustentam que a liberdade excessiva e a profusão de informações diferentes, como ocorre na Lumiar, requerem cuidados quando se fala em educação infantil. Esse nível de ensino vai até os 6 anos de idade, faixa etária em que se encaixariam justamente os alunos da nova escola. "A criança pequena não está pronta para fazer escolhas tão abertas. São muitos estímulos e ela pode se sentir perdida", diz a educadora da USP, Marina Célia Moraes Dias, referindo-se às várias atividades propostas pelos profissionais que estarão na instituição. Segundo ela, a situação pode ser comparada a outra em que se colocam diversos brinquedos na frente de uma criança e ela fica sem saber o que fazer com eles. "O que pode ser maravilhoso para as de 7, 8 anos não funciona necessariamente com as menores." A educadora, assim como sua colega na Faculdade de Educação, Marieta Nicolau, lembra da importância da figura do professor para organizar as atividades que serão propostas ao aluno, executando um projeto pedagógico ideal para cada idade. "Depois da mãe, a criança precisa de um vínculo forte, centralizado, para ter segurança", diz Marina. "Conhecer experiências de fora é bom para ela, mas acredito muito no papel de mediação do professor", completa Marieta. "O modelo encanta porque acredita no potencial criativo e inteligente do ser humano", afirma a educadora Silvia Colello. Ela participou de palestras sobre a escola "democrática" inglesa Summerhill. "É a escola dos sonhos", diz. Silvia lembra ainda que a Lumiar trabalha com campos de conhecimento e não apenas com disciplinas, indicação da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. Porém, segundo Silvia, o modelo é elitista já que não pode ser reproduzido na rede pública de ensino. "Ele é caro e pressupõe pessoas altamente treinadas." O acompanhamento de um educador para cada 10 alunos da Lumiar também é considerado difícil de ser implementado em larga escala.

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