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Eduardo Cunha vai para eleição com maioria de partidos

Enquanto peemedebista angariou o apoio de 14 partidos, com 218 deputados, Chinaglia, do PT, tem em seu bloco uma bancada de 160 deputados

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Por Ricardo Della Coletta , Erich Decat e Daniel de Carvalho
Atualização:
Candidado à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Reuters

Desafeto do Palácio do Planalto, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) vai para a disputa pela presidência da Casa neste domingo, 1º, com bem mais apoios que seu principal adversário, o governista Arlindo Chinaglia (PT-SP).

O bloco de Cunha conta com PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, Solidariedade, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEN e PRTB, cujas bancadas somam 218 deputados.

Chinaglia tem em seu bloco uma bancada de 160 deputados que inclui PT, PSD, PR, PROS e PC do B. Júlio Delgado (PSB-MG) tem 106 deputados de PSDB, PSB, PPS e PV.

Já o PDT (com 20 deputados), PSOL (5), PTC (2), PSL (1) e PT do B (1) não entraram em bloco algum.

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Disputa. O loteamento da Esplanada dos Ministérios entre dez partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff foi insuficiente para dar ao governo a tranquilidade de que precisava na eleição do próximo presidente da Câmara dos Deputados. 
A briga se dá pela primeira vez entre PT e PMDB, os dois principais partidos do governo. Além disso, há o agravante de que, apesar dos esforços dos ministros para atrair votos para o petista Arlindo Chinaglia (SP), o Palácio do Planalto corre o risco de ver eleito seu grande desafeto, o peemedebista Eduardo Cunha (RJ).
A disputa deve ser ser voto a voto. Aliados tanto de Cunha quanto de Chinaglia passaram os últimos dias fazendo contas - sabando que a declaração de apoio não garante adesão integral do partido. A escolha do presidente e e de outros dez cargos da Mesa Diretora será secreta, em 14 urnas eletrônicas, a partir das 18 horas.
Cunha vem trabalhando sua candidatura há mais de ano. Lançado em dezembro, enquanto os adversários ainda pensavam o que fazer, o peemedebista montou uma estrutura de campanha semelhante à de um candidato ao Planalto. Rodou todos os Estados do País com gastos bancados pelo Fundo Partidário. Obteve um acordo com o governo, que suspendeu nomeações de segundo escalão - usadas para obter votos para o candidato favorito do Planalto.
Nesse meio tempo, surgiram informações de que delatores da Lava Jato, como o doleiro Alberto Youssef, haviam dito que tinham repassado dinheiro de propina para Cunha. O deputado rebateu as acusações e apontou motivação política na divulgação dessas informações.
Já Chinaglia tem uma vantagem - o poder de influência do Planalto - e uma desvantagem - a atual rejeição ao PT na Câmara e ao governo, do qual foi líder na Casa. O deputado chegou a dizer que a ação do Planalto a favor dele poderia significar a “morte” da candidatura. Foi uma força de expressão na tentativa de reduzir os efeitos do antipetismo. Chinaglia repetiu Cunha e também percorreu o País, com gastos bancados pelo Fundo Partidário.
PDT. Um atraso de três minutos tirou do bloco do deputado Arlindo Chinaglia (SP) o apoio do PDT, que tem uma bancada de 20 deputados. A "barbeiragem" enfraqueceu o petista na disputa pela presidência da Câmara. 
Para deixar o quadro ainda mais complicado para o governo, que trabalha para tentar derrotar Cunha, o peemedebista conseguiu consolidar o maior bloco da Casa, com 218 parlamentares.
Um acordo feito pelas lideranças havia estabelecido o prazo máximo de 13h30 desta tarde para que os blocos fossem protocolados na Secretaria-Geral da Mesa. O último a fazê-lo foi o de Chinaglia, a poucos minutos para o fim do prazo, mas faltava uma assinatura do PDT para que houvesse a maioria simples da bancada, requisito exigido para o ingresso ao grupo. Oficialmente, o bloco de Chinaglia é composto por PT, PSD, PR, PROS e PCdoB, num total de 160 deputados.
O petista Vicente Cândido (SP), coordenador da campanha de Chinaglia, e o pedetista Giovani Cherini (RS) pressionaram para que o prazo fosse dilatado e as assinaturas contabilizadas. Mas lideranças dos outros blocos, como Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB, e o próprio Cunha rejeitaram um acordo. Com apenas um deputado, o PSL também perdeu a hora e não aderiu ao bloco de Chinaglia.
Cunha também teve perdas com "atrasados", porém bem menos significativas. As assinaturas do PT do B (1) e do PTC (2) tampouco chegaram a tempo. Já os nanicos PSDC, PTN, PRP, PRTB e PMN aderiram ao bloco de Cunha nos instantes finais. "Sentiram o cheiro da vitória", disse o candidato do PMDB.
 
Prejuízos. Fora de um bloco parlamentar, o PDT terminou a primeira etapa do processo sucessório na Câmara, que elegerá hoje o novo presidente da Casa, como o mais prejudicado. Ele contabilizará apenas sua bancada no cálculo para a distribuição dos cargos e das comissões e deverá ter seu espaço reduzido. Mas, mesmo fora, o PDT pode declarar apoio em Plenário a Chinaglia.
A construção de blocos determina o critério de distribuição proporcional dos postos na Mesa Diretora e nas comissões. Fazer parte de um bloco não significa que os deputados dos partidos votarão necessariamente nos candidatos que encabeçam os grupos, uma vez que o voto é secreto. 
Confira como ficaram os blocos:
Eduardo Cunha: PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEN e PRTB (218 deputados).
Arlindo Chinaglia: PT, PSD, PR, PROS e PC do B (160 deputados).
Júlio Delgado: PSDB, PSB, PPS e PV (106 deputados)
Chico Alencar: PSOL (5 deputados)

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