BRASÍLIA - O prestígio de ser filho de presidente quase não foi suficiente para o deputado Eduardo Bolsonaro ( PSL-SP) levar adiante sua intenção de homenagear o governo de Israel na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Nesta quarta-feira, 20, na primeira sessão deliberativa do colegiado, o parlamentar precisou se esforçar para contornar manobras da oposição e aprovar uma moção de louvor pela ajuda dos israelenses nos resgates em Brumadinho (MG).
Presidente do colegiado, Eduardo passou quase uma hora cobrando aliados, por telefone, a comparecer à reunião e evitar que a sessão fosse derrubada. Durante este tempo, se postou em frente ao placar que mostrava o nome dos ausentes.
Entre os que receberam uma convocação urgente estava o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), amigo pessoal da família e que usou o sobrenome Bolsonaro na campanha eleitoral. Ao chegar, ofegante, Lopes disse que estava em outro compromisso. Guiado por assessores, ainda perguntou como tinha que votar e até teve ajuda para se registrar na mesa.
Quando Eduardo começou a disparar mensagens e ligações, por volta das 14h10, apenas dez deputados estavam na sala. A oposição, então, pediu a chamada verificação de quórum, quando os presentes são contabilizados para fins de votação. Para aprovar um requerimento na comissão, como queria o filho do presidente, são necessários ao menos 20 parlamentares. O número só foi alcançado às 15h03.
No fim, Eduardo conseguiu, mas sem antes ser alvo de ironias de opositores. “Parece que a caneta de Donald Trump pode muito, mas não pode tudo”, afirmou o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
A comissão também aprovou ontem um convite para que o chanceler Ernesto Araújo vá ao colegiado. A oposição queria um requerimento de convocação, mas cedeu e chegou a um acordo por um convite após Eduardo afirmar que há a intenção do ministro de comparecer.