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Economia vai mudar com PSDB, diz ex-presidente do BC

Gustavo Franco, que comandou Banco Central durante dois anos, endossa fala de Sérgio Guerra à revista 'Veja'

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Por Carolina Freitas e da Agência Estado
Atualização:

Se o PSDB eleger o próximo presidente do Brasil, a economia mudará, acredita o economista Gustavo Franco, que esteve no comando do Banco Central (BC) durante dois anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O PSDB poderia mexer na economia para melhor. A mudança começa em melhorar a situação fiscal", disse, por e-mail, à Agência Estado.

 

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As declarações de Franco endossam em parte a fala do presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE). Em entrevista publicada na última edição da Revista "Veja", Guerra afirma que, se ganhar as eleições deste ano, a legenda mexerá nos pilares da economia - taxa de juros, câmbio, metas de inflação e contas públicas. O possível candidato tucano, governador de São Paulo, José Serra, crítico contumaz da política econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recusou-se nesta terça-feira, 12, a comentar o assunto.

 

Para o economista, a virada deve começar por um ajuste fiscal - uma redução dos gastos do governo e da carga tributária cobrada dos contribuintes. Com o equilíbrio dessa conta, a União teria menos necessidade de endividar-se, de emitir títulos da dívida e, portanto, de subir juros para dar atratividade aos papéis públicos.

 

"Se as contas fiscais melhorarem, será fácil atingir níveis de taxas de juros significativamente mais baixos que os atuais sem que isso venha a trazer riscos inflacionários", afirmou. Assim, de acordo com Franco, a saída tucana para baixar juros no País seria puramente "ortodoxa". "O PSDB tem 'heterodoxos' numa quantidade muitíssimo menor que o governo. Se no atual governo eles não têm nenhuma influência, imagine no governo Serra."

 

Moeda

 

Uma economia mais forte, afirmou acreditar o ex-BC, acarretaria numa moeda igualmente forte. Por isso, Franco não crê na reversão da tendência de valorização do real ante o dólar nos próximos anos. "A capacidade de mudar o quadro na questão cambial é muito reduzida", disse. "Pode haver mecanismos de intervenção com alguma relevância, mas não creio que mudem a tendência."

 

Para o economista, o País precisará encarar a apreciação cambial como um desafio. "O caminho é trabalhar a competitividade das empresas e não criar artificialismos", afirmou. Para tentar conter a alta do real, o BC de Henrique Meirelles, na gestão Lula, aumentou as reservas em dólar do País e passou a taxar investimentos estrangeiros feitos com moeda americana.

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Apesar de levantar questões sobre o futuro da economia caso Serra saia vitorioso das próximas eleições, a entrevista de Guerra não causou preocupação ao mercado, disse Franco. "Não vejo o mercado atribuindo qualquer importância a esta manifestação", respondeu, ao ser questionado sobre a possibilidade de se criar um "efeito Serra", a exemplo do que aconteceu em 2002, ano em que Lula venceu a eleição presidencial.

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