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''''É insustentável, o Senado chegou ao fundo do poço''''

Entrevista: Jarbas Vasconcelos: senador (PMDB-PE). Para ele, Renan deveria ser cassado, principalmente por ter usado a estrutura da presidência do Senado para se defender

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Por Redação
Atualização:

Reconhecido como o crítico mais severo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem acusa de levar a instituição "ao fundo do poço", o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) tornou-se o porta-voz da indignação pública diante de sua permanência no comando da Casa. Segundo Jarbas, Renan deveria ser cassado na quarta-feira, principalmente por ter usado a estrutura da presidência do Senado para se defender das acusações que originaram o processo por quebra de decoro parlamentar. "Foi a falta mais grave." O presidente do Senado foi acusado de usar notas frias em transações comerciais, recorrer a um lobista para pagar contas pessoais e apresentar evolução patrimonial incompatível com os rendimentos. Qual dessas suspeitas mais atentou contra o decoro parlamentar? Não são só os itens analisados pelo Conselho de Ética que afrontaram o decoro parlamentar. O maior pecado dele é o fato de ter ficado na presidência do Senado, usando a cadeira de presidente e a estrutura do Poder como estratégia de defesa. Esta é a maior de todas as suas faltas. É imperdoável. A oposição tem os 41 votos necessários para cassar Renan? A gente ainda não tem os votos para tirar o Renan. Mas as coisas melhoraram agora na reta final. O clima da rua chegou ao Senado. Até cinco, seis dias atrás, isso não tinha chegado ao Senado. Em qualquer lugar que se chegue agora, todo mundo questiona por que será secreta a sessão e por que ele não saiu (da presidência). O senhor defende o afastamento, uma licença, de Renan da presidência do Senado, caso seja absolvido no julgamento de quarta-feira? A situação atual é insustentável. O Renan continuaria por cima. Quem está lá embaixo é o Senado. O Senado chegou ao fundo do poço. O senhor é candidato à presidência do Senado caso Renan seja cassado? Se for discutir candidatura neste momento, piora mais ainda. Fica como um fato político, quando a discussão agora é outra: é a quebra de decoro do presidente Renan. Mas a oposição já trabalha com seu nome como alternativa para comandar o Congresso. Tem de se resolver o caso Renan primeiro. Sem isso, não tem como prosperar esse tipo de discussão. Essa discussão só serve para ajudá-lo. Não quero pôr o pessoal antes do coletivo, da instituição. Se for para o campo da luta entre governo e oposição, não nos interessa. Só atrapalha, porque somos minoria. O senhor considera inevitável que a oposição lance um nome à sucessão de Renan? A oposição não deve necessariamente lançar candidato. Primeiro tem de ver o que os outros pensam, o que vai dizer, por exemplo, o senador José Sarney (PMDB-AP). Mas estou convencido de que a questão da presidência vai aflorar no mesmo dia do julgamento.

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