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''É evidente que modelo está esgotado''

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Por Ligia Formenti
Atualização:

O modelo de atenção à saúde indígena está esgotado, diz o coordenador do Projeto Xingu, Douglas Rodrigues. Para ele, o sistema de convênios impede a continuidade das políticas de prevenção, há crônico atraso no pagamento das prestações e falta compromisso com a qualidade dos serviços. "Não há cobrança pela melhoria dos indicadores de saúde. As dúvidas sempre giram em torno das questões burocráticas", garante. A seguir, trechos da entrevista: O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que a Funasa é corrupta e tem baixa qualidade nos serviços. O senhor concorda? Sobre corrupção, não tenho elementos para fazer comentários. Com relação à qualidade, é inegável que há muito o que melhorar. Os indicadores falam por si só. A situação melhoraria se a responsabilidade pela saúde indígena fosse para o Ministério da Saúde? O debate está muito contaminado por interesses políticos. É evidente que o modelo atual está esgotado. Talvez a proposta do ministério seja interessante. Por que o modelo se esgotou? Quando a Funasa assumiu, havia total desassistência. Qualquer ação apresentava impacto. Passado este momento, é preciso perseguir a qualidade. Mas os convênios não ajudam. A rotatividade acaba levando à descontinuidade das ações de saúde. Não é raro o atraso nos repasses. A compra de medicamentos não funciona. Qual modelo seria o ideal, então? Há críticas à atuação das Oscips (Organizações Sociais Civis de Interesse Público). Mas o que vejo são experiências muito bem estruturadas. Talvez este modelo possa ser discutido. É preciso um modelo que permita agilidade, flexibilidade e cobrança de resultados. E isso não ocorre? Não. A cobrança é voltada à análise burocrática de números, de verbas. Ninguém quer saber dos índices de mortalidade, desnutrição.

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