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Durante onda de invasões, MST contesta ações do Incra

Por ANGELA LACERDA E JOSÉ MARIA TOMAZELA
Atualização:

O chamado "Abril Vermelho", organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), realizou ontem e hoje, 15 ocupações de terra e a interdição de um lixão em Pernambuco. O grupo reclama da "inoperância" do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Somente 70 famílias foram assentadas em 2009", afirmou o líder estadual Jaime Amorim.As invasões mobilizaram 2.080 famílias em 14 municípios da região metropolitana de Recife, zona da mata, agreste e sertão do Estado, de acordo com o movimento, que afirmou não ter havido registro de conflito. Oito das ocupações foram realizadas ontem, e as outras sete hoje. Deste total, cinco ocorreram em engenhos de cana de açúcar - dois deles de propriedade da Usina Bulhões, o Curupati e o Poço de Anta.A assessoria de imprensa do Incra limitou-se a informar que o órgão tem conhecimento das ocupações, mas não pode confirmar se todas as áreas forem realmente invadidas, se são ou não improdutivas e quantas pessoas efetivamente participaram das atividades. Segundo sua assessoria, o Incra aguarda a ocupação do órgão, em Recife, prevista pelo MST, no próximo fim de semana, para discutir a pauta de reivindicações do movimento e somente depois, em um processo considerado longo, que inclui vistorias das áreas ocupadas e reivindicadas, poderá dizer se elas são ou não passíveis de reforma agrária.Em Glória do Goitá (PE), na zona da mata, as famílias do assentamento Canavieira interditaram a entrada de caminhões carregados de lixo ao lixão da cidade - que fica próximo ao assentamento - durante toda a manhã e fizeram protesto, com carro de som, defronte da prefeitura. Eles alertaram para o perigo de contaminação da água que abastece parte da cidade pelo lixão e pediram sua transferência para outro local. São PauloNa primeira ação do "Abril Vermelho" em São Paulo, 150 integrantes do MST invadiram hoje o escritório regional do Incra, em Bauru, a 345 quilômetros de São Paulo. Os funcionários que chegavam para trabalhar não puderam entrar no prédio e o órgão não funcionou. O grupo, proveniente de um assentamento de Piratininga, cidade da região, reivindica melhoria na infraestrutura do local. A ação foi reforçada por integrantes da Federação dos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo (Fafesp), provenientes do assentamento Aymorés, do município de Pederneiras.De acordo com a coordenadora regional do MST, Maria Judith, os dois assentamentos estão sem água e têm acesso precário. No Piratininga, instalado em 2003, as casas e o galpão para comercialização de produtos nem foram concluídos. "O Incra trata os assentados com o maior descaso", disse. No final da tarde, os assentados decidiram montar um acampamento ao redor da sede para passar a noite. "Não vamos sair enquanto não tivermos uma resposta para nossas reivindicações", disse Judith.A reportagem entrou em contato com a assessoria do superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires da Silva, mas não obteve retorno.

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