Duas pacientes contraem aids em transfusão no Inca

Por Agencia Estado
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Um mês depois da crise administrativa no Instituto Nacional de Câncer (Inca) ter estourado, vem à tona a notícia de que pelo menos duas mulheres contraíram o vírus da aids após transfusão de sangue realizada no Inca. O hospital, referência no tratamento do câncer e uma das cinco unidades federais no Rio, confirma a contaminação. A primeira paciente foi contaminada após ser submetida a transplante de medula realizado em 23 de outubro do ano passado. A família não permite nem a divulgação das iniciais do seu nome. No mês seguinte, foi a vez da dona-de-casa W.M.M., de 49 anos, infectada durante cirurgia para retirada de um tumor no baço. Moradora de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), mãe de quatro filhos e avó de três crianças, W. soube do problema quatro meses depois da operação, ao ser chamada pela direção do hospital. Desde 1997, ela fazia tratamento no Inca, após a descoberta de um câncer no ovário, que gerou várias metástases. A contaminação da bolsa de sangue foi detectada durante os sucessivos exames realizados na primeira paciente infectada, em tratamento para leucemia. O chefe da Unidade de Transfusional de Sangue do Inca, Alberto Rodrigues, contou que o doador, um técnico em Enfermagem de 26 anos, morador de Duque de Caxias, fez a transfusão no banco de sangue durante o período conhecido como "janela imunológica", prazo de 22 dias, a contar da contaminação, necessários que o organismo inicie a produção de anticorpos contra o vírus HIV. Em nota oficial, o Inca garante ter realizado o procedimento determinado pelo Ministério da Saúde e explica que a chance de episódios similares ocorrerrem é de uma para cada 60 mil transfusões. "Não existe tecnologia que elimite totalmente este risco", diz a nota. A advogada de W. contou que sua cliente entrou em depressão após saber que havia contraído Aids. E informou que vai pedir tutela antecipada ao juiz para que o Inca ou a União sejam condenados a pagar o tratamento de W. "As decisões demoram muito a sair e a situação da minha cliente é muito delicada. Não dá para esperar".

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